A necessidade de uma escrita regular

Este texto é de 2015. Algumas coisas ainda fazem sentido nele, outras nem um pouco mais. Você pode encontrar algumas palavras problemáticas que hoje eu já tenha tirado do meu vocabulário. Leve isso em consideração, por favor. Hoje eu já acho este um texto meio bobo mas, mesmo assim, vale aqui o registro até pela coincidência — ou recorrência — do tema e por este ter sido meu primeiro texto lá no Medium.

De tempos em tempos eu invento de testar uma nova plataforma de escrita. Desde os serviços online mais comuns como o [quase falecido] Blogger, até o [morto e enterrado] Fotolog eu já testei. Pois é, eu usava o Fotolog para escrever. Já testei, também, alguns aplicativos offline bonitinhos como o Ommwriter, que é bacana se você precisa de uma vibe meio “namastê”, sem distrações e com uma música (meio chatinha, confesso) de fundo. De todos, o meu preferido mesmo é o Bloco de Notas do Windows. Eu gosto do visual cru, da Lucida Console padrão e, de fundo, a música que condiz com meu estado de espírito.

Nenhum deles, porém, funcionou tão bem como meu bom e velho diário da adolescência — um caderno em espiral com uma capa esquisita, onde nem ônibus cheios e em movimento poderiam deter páginas e páginas escritas a lápis sob as fungadas catarrentas que a Legião Urbana (tão brega ❤) e as desgraças da vida de adolescente me arrancavam.

Não sei por quê eu passei anos sem escrever. Acho que foi uma fase ruim. Um fase de perdição e de muitos questionamentos. Muitos deles que só agora, com certa maturidade, eu consegui encontrar respostas, me livrar de algumas amarras e assumir posicionamentos que me despertaram novamente a vontade, a necessidade de escrever regularmente.

Cá estou eu em mais uma tentativa, em uma nova plataforma para mim, tentando voltar a escrever.

Eu sou uma pessoa introspectiva (apesar de fazer pouco tempo que descobri que o “meu jeitinho” tinha um nome), e por isso, ou por ser quem eu sou, eu falo muito pouco sobre minhas incertezas. Além disso, eu sou uma pessoa ansiosa. A consequência disso tudo é sempre estar à beira da loucura e já ter passado por algumas crises de ansiedade até conseguir desabafar com alguém. Na minha adolescência a escrita regular me ajudava muito a ter uma vida mais próxima do normal, porque eu ia descarregando toda minha angústia aos poucos em cada folha e elas não se juntavam todas dentro de mim até não existir mais nenhum espaço livre. E eu sinto falta de ter uma vida próxima do normal. Sinto falta também de quando eu escrevia sem meus próprios julgamentos, sem pensar o que pensariam sobre eu ter escolhido palavra x e não um sinônimo rebuscado. Pode até parecer um pouco incoerente com a escolha desta nova plataforma, mas sei lá, essas coisas as vezes não tem muita coerência mesmo.

Aliás, preciso agradecer uma pessoa, a Aline Valek, que me fez ver que para escrever “bem” eu não preciso nenhum pouco usar daquelas palavras que farão o leitor ter que consultar o dicionário. Receber sua newsletter (assinem, assinem, assinem!) toda manhã de sábado é como encontrar uma amiga querida, que vem jogar conversa fora ou vem para dar aqueles conselhos que mudam nossa vida (mesmo que essa nossa amiga não tenha a menor ideia dessa sua incrível capacidade). Nunca escrevi a ela, no entanto, porque morro de vergonha. Mas quem sabe um dia...

Então é isso. Uma nova tentativa, um novo lugar, novos pensamentos. Uma vez por semana talvez eu apareça por aqui. O dia? Ainda não sei, vamos nos ajustando conforme eu me estruturar (e o TCC deixar). Só não posso garantir que vai dar certo desta vez, ou se vai dar certo do jeito que você espera. Dessa vez eu não espero nada, a minha nova estratégia é não criar expectativas e “deixar a vida me levar”.

texto originalmente publicado em: 12 de setembro de 2015.