Términos

Este não é um texto com dicas de como lidar ou não com términos. Não é uma análise crítica sobre. Está mais para um desabafo feito por alguém que já passou por vários processos de términos, alguns muito sofridos outros nem tanto. Ou talvez um lembrete do porquê foi melhor assim.

Este ano, por exemplo, os términos mais significantes foram: com o psiquiatra que consultava desde 2018, responsável pela grande melhora que tive (marido de uma grande amiga, mas ela ainda não sabe que eu parei de ir nele); com o psicólogo que frequentava desde 2017 e uma amizade de 8 anos. Obviamente os rompimentos com o psicólogo e essa amiga estão sendo os mais sofridos.

Consegui adaptar bem ao novo psiquiatra mas o psicólogo que meu ex terapeuta indicou não deu nada certo. Achei pouco dinâmico e parecia que seguia uma instrução de livro, sempre as mesmas perguntas sobre como eu me sentia em relação a isso ou aquilo; quais os pensamentos que tinha quando ocorreu tal coisa; qual a melhor e pior coisa que poderia acontecer em determinada situação. Sempre isso. Não consegui me sentir confortável falando sobre o que realmente queria falar. Após muita reflexão, decidi romper com ele. Ele entendeu numa boa e eu arrumei um psicanalista, que estou gostando.

Mas ainda sofro por não estar indo no antigo psicólogo, especialmente pela forma como ele me dispensou. Muito do amadurecimento que tive ao longo desses anos e da melhora do quadro depressivo devo a ele. Por mais que as vezes eu quisesse matá-lo por ficar me enchendo o saco pra fazer exercício físico, me alimentar melhor, manter uma rotina, fazer meditação, etc. Não que ele estivesse errado mas quando depressiva só tenho energia pra dormir e lutar contra isso ainda é muito complexo pra mim. Ou quando ele insistia pra eu não trancar o curso e enfrentar essa merda até o fim já que, como ele dizia, “você precisa terminar o que começa”.

Essa amizade de 8 anos fui eu quem decidi interromper, depois de muito tempo (alguns anos) considerando essa possibilidade lá no fundo da minha alma. Demorou tanto pra terminar porque eu tinha muitos medos (e ainda tenho), de ficar sozinha, não conseguir construir novas amizades, não conseguir uma amizade tão forte e significativa pra mim igual a esta. Queria terminar por diversos motivos e um dos principais é que sempre me sentia “à margem” por mais que ela mesma tentasse me incluir, dificilmente me sentia incluída de verdade então isso acabou sendo muito tóxico pra mim.

Depois de uma série de infortúnios, achei melhor me afastar. Mas tem sido difícil manter essa decisão. Muita vontade de mandar mensagem e compartilhar os acontecimentos da minha vida com ela. Muita vontade de saber como ela está e ajudar no que for possível. Vontade de ir pra casa dela jogar conversa fora e beber. Por mais que dependendo do assunto, me irritava as opiniões que ela dava. Ou o quanto ela se sentia diminuída mesmo tendo tantos privilégios. Ou ainda, o quanto as pessoas veneram ela e fazem o que ela manda.

Fico pensando em como será meu aniversário sem ela ou na minha colação sem ela lá pra gritar meu nome. Ao mesmo tempo que penso no quanto sou trouxa porque depois que eu decidi afastar ela nunca mais entrou em contato, apesar da mãe dela ter me procurado. As vezes ela só está respeitando meu espaço. Mas acredito que ela “partiu pra outra” e nem lembra mais de mim. Ou pode ser coisa da minha cabeça e ela tá lá esperando minha mensagem (e eu aqui esperando a dela).

Minha mãe acha que a gente precisa sentar e conversar. A mãe dela acha que nossa amizade não pode acabar assim. Eu não sei o que achar e acredito que ela também não. Enquanto isso, sigo sofrendo e tentando ser firme em algo que não sei se vale a pena, por mais indícios que eu tenha de que não tava funcionando pra mim. Mas também tenho dúvidas se vale a pena continuar a amizade.

Enfim, términos são foda. Muitas dúvidas e sofrimento, geralmente de uma parte só, enquanto o outro tá de boa seguindo a vida. Mas essa é vida né.