Externar pra enxergar

Eu tô me sentindo triste.

É como eu estivesse insatisfeita há muito tempo, sabe? Tenho muitas incertezas e pouca confiança, foco, responsabilidade pra passar por cima dos problemas. Talvez seja só falta de coragem também... Firmeza. Como ter firmeza se parece que todas as escolhas foram erradas e passaram a ser confusas, me tornaram uma pessoa confusa. Eu só sinto vontade de chorar. Parece que nunca vai ter saída. Mesmo que muitas vezes eu sinta que eu estou realmente evoluindo, seguindo os melhores caminhos, muitas vezes eu sinto que esse não é o caminho ideal. E fico triste, bem triste. Porque eu realmente não vejo saída.

será que eu tô ficando doida?

Eu acho que sou sim uma pessoa invejosa... Infelizmente, o tempo todo a gente aprende a se comparar, e eu sou muito insegura com qualquer coisa na vida. Nunca acho que vou alcançar nada, nunca sou boa o suficiente. Não só minha mãe, mas acho que principalmente ela me criou dessa forma. Eu detesto ser dessa forma, não queria ser, quero mudar, porém não sei como. É de uma forma indireta, sabe? Eu não falo sobre isso. Só às vezes, eu acho. Mas ainda assim, eu detesto isso em mim. Tem tanta coisa em mim que preciso mudar... Como eu devo começar? Por conta disso, parece que tudo que eu acredito e vivo é uma mentira. Eu sou de verdade? Tenho dúvidas. Acho que passei por muita manipulação psicológica. Ou será que só tô tentando colocar a culpa em alguém? Essas coisas são tão difíceis.

É desconfortável olhar pra trás e perceber o quanto errei com pessoas em diversos momentos da vida por escolha, consciente. Porque naquele momento, o que era melhor pra mim era outra coisa. É estranho perceber que se eu tivesse feito diferente, talvez coisas melhores teriam me acontecido. Muitas vezes até. Eu me arrependo de ter magoado ou decepcionado algumas pessoas, mas eu também não acho que eu conseguiria ter feito diferente. Eu me reprimo de diversas formas o tempo todo. Eu não tenho certeza do que sou capaz de ser. Eu sei o que eu não sou. Porém eu acredito ser o que não sou também. Eu tô aprendendo, cada vez mais, eu tenho tentado ser melhor. Tenho buscado perdoar. Perdoar a mim mesma principalmente por não conseguir ser o ideal pra se ser. Não ter coerência, sabedoria, sagacidade. Por ser fraca, inocente, deixada enganar, sentir tanto e não saber lidar com os sentimentos. Eu quero melhorar. Eu quero fazer o melhor pra minha filha. Não quero que ela seja enganada igual eu fui. Não quero que ela precise errar e decepcionar tanto pra conseguir evoluir. Quero que ela saiba como tomar as próprias decisões.

Quantas vezes você precisa ser o que não quer ser pra ser o que se é?

Tempo de revisão por aqui

Tenho caminhado pra tentar pôr as coisas no lugar, acho que tem funcionado... devagar, bem devagar, mas sim. É bem difícil pra falar a verdade. Porque eu me saboto demais, não tenho estrutura emocional, estrutura financeira e tempo. Me falta muita terapia. Por isso tenho me esforçado mais pra escrever aqui, por exemplo.

Bem. Eu sinto que estou cada vez mais próxima de fazer as pazes por completo com minha mãe. Há bastante tempo essa relação tem sido complicada. Mas eu tenho me esforçado pra entender todos os lados, diferenças, ter mais empatia. Apesar de tudo de ruim que possa ter me causado, e ainda causa, não é necessariamente culpa dela. Ela também teve uma construção e também tenta lidar da melhor forma, dentro das próprias crenças (que às vezes podem ser bem limitadoras, porém não há nada em que eu possa fazer). O que não quer dizer que eu não tenha consciência que mesmo que eu entre em paz com ela, eu ainda precise me afastar dela. O mais rápido possível. Mas não me soa mais como uma desespero, uma necessidade urgente, um ato sufocante. É um ato necessário, porém eu preciso respeitar meu tempo de evolução. E evoluir com o perdão.

Meu irmão. Tenho admirado meu irmão em vários sentidos também. Da mesma forma que minha mãe, tenho me esforçado na empatia, entender os lados, diferenças. É muito fácil julgar as pessoas superficialmente, eu acho que isso se intensificou no meu relacionamento com o Gustavo. Desde que ele me apresentou a perspectiva dele, parece que tudo mudou. A história da minha própria vida mudou, a relação que eu tinha com a minha família mudou. Tudo mudou bastante de lá pra cá, é verdade, mas eu acho que antes eu olhava pra tudo com muito ódio... O que obviamente deixa tudo muito mais turvo. Claro que as coisas estão longíssimas de serem perfeitas, na verdade são sim muito problemáticas, porém não é tão odiento assim. Eu sou fruto de tudo isso também, sabe? E eu sou capaz de me amar, apesar de muitas vezes ter muito desgosto pela minha pessoa. Procurar nos detalhes, nas profundezas, no tempo. Eu passei a dar muito mais significado pra família ultimamente. Com Dandara, tudo mudou. Demorou, mas sinto que mudou bastante. A parceria é algo que não falta. Tem sido um caminho bem lento, talvez nem tanto, mas no dia a dia é arrastado. Pra mim, pelo menos, as coisas andam bem devagar.

Ora, a Dandara já vai fazer cinco anos. Tem 4 que terminei com Gustavo. 8 anos atrás eu comecei meu relacionamento com ele.

É bastante tempo, né? Compreensível porém, foi um relacionamento abusivo, onde existiu muita manipulação e perda de identidade. Pra se recuperar disso é bem mais difícil do que parece. Ainda mais quando se tem um histórico de depressão, ansiedade, falta de estrutura de todos os tipos, apoio emocional.

Ainda preciso estar minimamente bem pra cuidar e proteger minha filha né? Ser mãe solo.

É, puxado.

Por muito tempo eu achei que precisava olhar com carinho apenas pra mim mesma. Mas eu não sou a única construtora da minha própria história.

Ainda falta ser melhor pro meu pai. Tô chegando lá.

Um dia de cada vez, uma semana, um mês. Meu pai não pode esperar tanto tempo. Eu acredito que vou conseguir. É isso.

ps: Hoje eu coloquei o diu! Apesar de ter desmaiado sozinha com Dandara no posto de saúde, pude me cuidar da melhor forma nesse momento. Eu estou muito feliz com essa conquista. Me sinto forte demais!

Queria escrever.

Tem vezes que eu tenho pensamentos e reflexões na rotina, daí penso “eu preciso escrever isso”. Mas muitas vezes não dá tempo e eu esqueço. É triste. Porque minha memória é muito falha, então se eu não anoto, as coisas somem da minha mente. Me pergunto quantos entendimentos já foram perdidos dessa forma. Até se eu anoto, muitas vezes eu perco também. Então talvez seja só esperar a reflexão acontecer de novo.

Acredito que nesse momento eu tô escrevendo na expectativa de resgatar alguma dessas reflexões, mas honestamente acho bem difícil acontecer. Então eu crio uma nova. É isso.

Eu acho que só nunca tô feliz com nada mesmo

Só reclama

Que saco

Não é brincadeira, não. Eu realmente acho que tô ficando maluca ou já fiquei há um tempo. Eu não sei mais no que acreditar. Minha memória é extremamente falha, eu sinto o que foi real porém não sei dizer ao certo porque foi real ou não foi. Minha mente não sabe pra onde correr, todos os lugares parecem arriscados e suspeitos. Eu não sei o que querem de mim, se é que querem algo. Até onde eu consegui chegar? É por isso que é tão difícil? Quem é que tá maluco, afinal? Parece que nunca vou ter essa resposta.

Esses dias eu estava me sentindo super mal, desacreditada do meu trabalho, desconectada com o que eu faço. Acho meu trabalho ruim, medíocre, qualquer um pode fazer... É um sentimento real, eu não gosto do que faço porque dificilmente me conecto com o que estou fazendo. E eu sinto essa necessidade da criação, sabe? Aos poucos isso vai me destruindo, por uma falta tão grande de algo que tá bem na minha frente o tempo todo. Não me importa o que os outros digam, quantos digam que meu trabalho é incrível, eu não vejo isso. É sempre um parto pra eu achar minimamente bom, aceitável. Tenho que passar horas editando as fotos, de uma maneira não agradável porque não é uma fotografia artística, é fotografia institucional. Quando estou fotografando, eu penso nas necessidades da demanda institucional, eu não estou conectada com a minha criação. Mesmo que ao editar eu ainda deixe a minha marca pessoal, eu não acho que aquilo me adiciona, porque não é o que eu me sinto realizada em fazer. E o problema não é nem que eu esteja fazendo isso, e sim que eu não CONSIGO me dedicar a criação artística que é o que alimenta a minha alma. A demanda é tanta de todos os lados da minha vida que não sobra tempo. Me falta dinheiro, me falta saúde, me falta tempo de qualidade com minha filha. Isso realmente tem me matado aos poucos.

Agora, no meio dessa explosão de sentimentos turbulentos, aconteceu um vídeo meu postado nas redes do Observatório falando sobre o meu trabalho. Muitas pessoas elogiando, até pessoas que eu não fazia ideia que acompanhavam meu trabalho e que sou fã... Foi um misto de emoções, mas eu acho que me senti bem no geral.

Não diminui nem um pouco o que sinto de verdade, mas eu acho que dá um pouco de força.

A real é que eu não aguento mais trabalhar tanto. Nunca acaba, nunca tem um momento de descanso. E eu tô sempre me cobrando por algo que eu deveria estar fazendo, por um trabalho que eu deveria estar adiantando, muitas vezes quando não é nem possível no momento. Mas quando eu tô com ele, é como se fosse um descanso forçado... E é bom, eu amo estar com ele, mas o peso da responsabilidade nunca vai embora. Afinal nunca acaba o trabalho, eu literalmente NUNCA não tenho muita coisa pra fazer.

Acho que eu preciso de ajuda... Por que é tão difícil reconhecer isso algumas vezes? Eu tenho muita ajuda já na vida, mas eu continuo esgotada. Minha mãe tá esgotada.

Eu só queria parar e não ter que me preocupar tanto com trabalho e dinheiro. Ou que o dinheiro pudesse vir de outra forma menos exaustiva. Porque de coisas que me deixam exausta a minha vida pessoal já tem muito.