Externar pra enxergar

Eu tô me sentindo muito fraca Muito pequena

Medíocre, uma farsa.

Eu gosto do que tenho aqui. Me preocupa o que sou, mas gosto do que tenho aqui, agora.

Dei um 2 e me sinto mais leve um pouco. Tava sendo difícil hoje.

Parando pra pensar, desde que eu era muito nova eu sempre gostei de escrever. Eu nunca tinha me ligado nisso, não via tanto a profundidade e as possibilidades que podem vir disso, mas agora resolvi ver. E é estranho, a única coisa que sempre me acompanhou além da fotografia desde muito nova, é a escrita. Eu comecei a escrever acho que com 12 anos, ou menos. A fotografar foi por aí também. Talvez com o aumento do uso da internet nessa idade, eu tinha flogão e uma cybershot. Uma pré-adolescente sem muito o que fazer. Eu tinha um computador, uma cybershot, acesso a internet e um flogão. Com uma certa facilidade. Eu era um pouco privilegiada nessa época. Um pouco só, mesmo. Eu postava fotos minhas que tirava com a cybershot, escrevia um negocinho na legenda e era isso. Daí veio o orkut. E os animes. A puberdade. Eu escrevia fanfic de naruto, fanfics eróticas também. Eu já devia ter uns 14/15 anos nessa época. Depois eu só passei a ter documentos de word aleatórios salvos no meu computador, que eram literalmente pensamentos ou qualquer coisa aleatória que eu escrevia e gostava de guardar. O celular. As fotos no espelho, o aplicativo de notas. Depois veio o tumblr. Imagens, textos, sentimentos, fotografia. As notas sempre altas em redação, apesar de quase todo o resto serem baixas demais. A compra da câmera. O meu início na vida adulta. Cadernos. Uma viagem. Uma bolsa de estudos em fotografia. Mais cadernos, diários. Estudos. Descoberta como artista, autorretrato e textos. Um emprego como fotógrafa. Um blog.

Além da fotografia, a escrita também sempre andou comigo. Uau.

Ela é do tipo de pessoa que fica feliz quando você falha, espera que você falhe, pra daí ela poder provar um ponto. Ela não ensina ou incentiva, ela aponta todos os seus erros, mostra que ela consegue fazer, e te acusa de inútil/incapaz. Ela interrompe todos os seus processos e não te deixa evoluir porque não tem paciência. Ela faz de tudo pra você acreditar que ela tá sempre certa. Ela não te deixa falar, não escuta, grita e interrompe sempre que você quer dizer alguma coisa. Ela ajuda, mas só pra jogar na sua cara depois que ela fez POR VOCÊ

“Você dá mais valor pro seu trabalho do que pra sua filha”

Minha mãe acabou de gritar isso pra mim. Do nada, só porque falei que ia pra psicóloga antes de ir no centro do Rio resolver uma coisa importante.

Lembrei de quando ela disse que sou uma péssima mãe.

Essas não são verdades. Porém doem bastante.

Eu odeio a maternidade. Eu tenho depressão e ansiedade. Talvez algo mais. Eu amo minha filha e faço tudo e mais um pouco por ela. Eu vivo na culpa, porque tenho a cobrança de ser perfeita como pessoa e mãe dentro de casa. Sendo que ser perfeita como mãe pra ela é totalmente diferente da minha percepção disso.

Queria gritar e fugir

Por que sempre parece que eu tô me esforçando demais pra agradar alguém que não tá nem aí pra qualquer coisa que eu faça e/ou meus processos?

Parece que tô me arrastando pra viver

Esses dias as coisas tem estado diferentes aqui dentro. Tenho sentido muito a necessidade de estar só, fazer as coisas por mim. Sinto falta de me abraçar mais e seguir meu caminho. O que é estranho, porque há duas semanas eu tava tendo pensamentos de morar junto com Luiz, “casar” e criar uma nova vida juntos. Eu gosto muito dele, eu amo ele, porém me vem também a necessidade de criar o meu mundo do meu jeito, como eu consigo. Por isso que eu digo, eu sou uma pessoa apegada e desapegada ao mesmo tempo.

Sei lá, às vezes parece uma coisa, às vezes parece outra. Às vezes eu acho que tô só sentindo falta de trocar com outras pessoas, amigos e amigas. Coisa que eu tendo a me afastar o tempo todo.

Às vezes eu só acho que tô cansada de tudo. Com vontade de desistir de tudo, seguir outros caminhos, mas sem direção pra seguir porque eu realmente tô muito cansada. Minha mente não consegue sair do estado de inércia ou quase isso. A mente não produz, não expande, não se mexe. Ela apenas trabalha o que tem que ser trabalhado pra sobreviver.

Eu não sei porque isso acontece, eu acho que já até vi alguma coisa sobre isso, mas normalmente na terapia eu tento meio que “impressionar” a terapeuta, fingindo ou acreditando muito forte que está tudo bem, sob controle. Quando na verdade não está. Eu sei disso, mas parece que na hora eu só quero acreditar que sim. Por isso tô escrevendo sobre isso. Eu realmente preciso ser sincera com meus sentimentos, até porque na vida eu mesma muitas vezes tento me enganar fingindo que tá tudo bem e acabo desviando a atenção do que é tão importante e de fato me prejudica. Acho que também por isso eu tô sempre tão confusa.

Bem, a verdade é que eu quase sempre me sinto ansiosa. Ansiosa num nível que me atrapalha de seguir, evoluir com a minha vida porque tudo que envolve mudança me aterroriza. Tudo que exige uma atitude nova minha me aterroriza. Tudo que exige que eu tenha a solução, ou que só depende de mim, me aterroriza. Isso acontece na cobertura fotográfica de eventos, na criação de peças gráficas ou o que for no design, ao ter que falar com pessoas na rua ou qualquer ambiente. A possibilidade de não conseguir passar o que precisa ser passado me aterroriza. A possibilidade de não ser aprovada. Isso causa um perfeccionismo e uma frustração por falhar ao mesmo tempo, porque quando estou ansiosa não consigo agir com concentração ou bem. Falho muitas vezes. Não gosto do resultado. Me odeio por ser tão ruim. Ao mesmo tempo que sei que posso ser incrível se eu me concentrar e executar com calma o que precisa ser feito. Daí eu fico triste porque nunca me sinto o suficiente. Até quando eu tenho a oportunidade ser melhor, de evoluir, de trocar com pessoas que eu acho interessantes, eu fico ansiosa, não consigo conversar. Fico triste porque acho que não tenho propriedade pra falar, não me conecto, acho que não tenho nada a acrescentar, que preciso melhorar... Não sinto que pertenço a lugar algum, mesmo atuando no mesmo lugar que essas pessoas atuam há muito tempo. Não consigo ter a mesma percepção que elas. Sempre me coloco pra baixo, não consigo estudar como gostaria, porque eu nunca tô bem. Ou tô ansiosa, ou tô cansada, ou tô triste porque não consigo ser melhor.

Eu queria tanto gostar de mim, sabe? Eu queria tanto olhar com carinho para os meus processos. Eu já consegui, mas tô sempre regredindo. A ansiedade é o que me destrói. Em vários sentidos.

Eu tô me sentindo triste.

É como eu estivesse insatisfeita há muito tempo, sabe? Tenho muitas incertezas e pouca confiança, foco, responsabilidade pra passar por cima dos problemas. Talvez seja só falta de coragem também... Firmeza. Como ter firmeza se parece que todas as escolhas foram erradas e passaram a ser confusas, me tornaram uma pessoa confusa. Eu só sinto vontade de chorar. Parece que nunca vai ter saída. Mesmo que muitas vezes eu sinta que eu estou realmente evoluindo, seguindo os melhores caminhos, muitas vezes eu sinto que esse não é o caminho ideal. E fico triste, bem triste. Porque eu realmente não vejo saída.

será que eu tô ficando doida?