Indío, preto e Racionais
(ou “Sobre saber quem sou”)
(ou “Sobre saber quem sou”)
Era Agosto de 2021, esse ano não houve festa junina e uma mínima esperança de festas de fim de ano com a família ainda brilhava timidamente dentro do coração das pessoas. Foi um ano difícil, e continua sendo, para todos nós.
No quinto dia daquele mês eu tive uma ideia:
Meu mano André Farias respondeu na hora com sugestões de nomes. E logo após isso eu já havia registrado o domínio bantu.social.
Instância é o nome que se da para sites que rodam o Mastodon. Uma rede social federada que usa o protocolo Activity Hub.
Ninguém precisa saber como o Mastodon funciona por baixo dos panos, mas imagine um mundo onde você, na sua conta do Twitter, pode falar com seus amigos do Facebook e Instagram? É quase isso, só que melhor, com mais moderação, pessoas de verdade, sem anúncios, etc.
O Mastodon se parece bastante com o Twitter, com alguns recursos. Mas não existe “um mastodon” e sim várias redes interligadas. Para pessoas brasileiras ou que falam português, nós temos:
Com essas quatro instâncias (e centenas de outras) as pessoas podem se comunicar com pessoas de outras instâncias. Mas cada uma uma tem suas próprias regras, administradores e tema.
Se quiser saber mais, sobre redes federadas, recomendo esse excelente episódio do Toca do Saci: https://klh.radiolivre.org/library/tracks/76/
Naquele Agosto, a ideia era criar uma instância para pessoas pretas e pardas. Mas eu sou preto e uchinanchu. Achei que seria mais justo usar o termo “não-brancas” e deixar a bantu aberta também para pessoas amarelas e indígenas.
Na bantu temos regras bem específicas contra racismos e preconceitos. Hoje somos em torno de 20 pessoas ativas. Postando discutindo coisas sérias e bobagens do cotidiano. Isso se tornou um espaço para conhecermos a nós mesmos e pessoas parecidas conosco. :)
Há dois anos apareceu um quadrado preto no céu. Acharam que era alienígena, que eram deuses enfurecidos, que era buraco de minhoca. Aliás, deram nome de Buraco de Hawking, em homenagem ao finado cientista. Não sei se eu gostaria de ter um buraco com meu nome, depois de morrer.
Era domingo e acordei cedo. Lavei o rosto como quem limpa a vergonha na pia e antes mesmo de escovar os dentes, senti que precisava de um café da manhã. Mas nada saudável, sim aquele pastel engordurado frito em óleo velho que não serve nem para fazer biodiesel. Coloquei o chinelo velho e desci a rua cheia de carros encostados no meio fio da já pequena calçada.
Quando criança eu sempre ouvia do meu pai:
- “Homem que é homem não acha outro homem bonito!”
- “Homem que é homem gosta de mulher!”
- “Quem gosta de homem é viado!”
A definição de homem explicada por ele era bem simplista: Ter um pinto, comer mulher e não olhar pra outro homem. Olhar pra um pinto? Nem pensar! Homem não olha pro pinto nem na hora de mijar. Por isso que hoje, só faço xixi sentado.
Olá pessoas, como vão? xD
Talvez vocês já saibam, eu sou o Dobrado, criador da instância Mastodon bantu.social.
Quando tive a ideia de criar a bantu.social, era pra ter uma forma de criar um espaço seguro para pessoas não-brancas conversarem. Logo vi que era necessário também abrir espaço de outras formas. Vi que muitas pessoas lá na instância gostaria de se expressar em mais letras do que as disponíveis. Por isso pesquisei bastante uma forma de criar um sistema de blogs para que essas pessoas possam se expressar.
O WriteFreely pareceu uma ótima alternativa de deixar pessoas postarem textos e se manterem “federadas”. :)
Ainda está em fase de testes, mas espero que tudo dê certo.
Amo vocês, beijos!