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from Line ليني

gostar de barulho de chuva pra dormir... tá aí um privilégio que nunca tive! quando via as gotas caindo já sentia meu desespero vindo seria mais uma noite acordada atenta aos barulhos da madrugada com cochilos e sustos e pesadelos onde eu morria soterrada via o desespero de mamãe olhando as árvores balançando mandando eu parar de chorar às vezes também aos prantos dizendo que a chuva já ia passar ou cantando pra disfarçar o barulho do barranco que caía atrás de algum cômodo

no fim da chuva torrencial mamãe tentava ser otimista com uma sensação de alívio e alegria dizia “deu pra guardar bastante água graças a Jeová. fazia tempo que não chovia”

 
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from andorinhas objetivas


1º – Tengoku to Jigoku (1963)

cartaz do filme Céu e Inferno

Em português Céu e Inferno. Em inglês High and Low.

Investigação policial com óculos escuros na baixa do morro vivemos em uma sociedade mesmo que incrível as pessoas ondulam no calor suspense uau quem é o cinema na fila do pão.


2º – Yume (1990)

cartaz do filme Sonhos

Em português Sonhos. Em inglês Dreams.

Um casamento assustador um velório festivo soldados passados flores moinhos monstros chifrudos vincent van gogh o fim do mundo e o começo da paz.


3º – Ran (1985)

cartaz do filme Ran

Em português e em inglês continua Ran.

Rei velho confia errado muito cavalo e filho por sorte um bobo sábio cores bonitas e terríveis fogo fantasma espanto cores bonitas vastidão.


4º – Madadayo (1993)

cartaz do filme Madadayo

Em português e em inglês continua Madadayo.

Um professor feito de ouro um copo que encolhe um gato que ensina um aniversário regressivo recitar as estações de trem todo ano é festa e movimento.


5º – Rashomon (1950)

cartaz do filme Rashomon

Em português e em inglês continua Rashomon.

Uma história sobre quatro pessoas que contam quatro histórias que são a mesma história e até o defunto fala.


6º – Hachigatsu no Kyōshikyoku (1991)

cartaz do filme Rapsódia em Agosto

Em português Rapsódia em agosto. Em inglês Rhapsody in august.

A senhora não vai pro Havaí plantar abacaxi a senhora vai contar causo pra assustar a criançada e fazer marmanje chorar o ferro retorcido no parque um olho que nasce nas montanhas de Nagasaki que gringo é esse gente é preciso afinar o piano.


7º – Yojimbo (1961)

cartaz do filme Yojimbo

Em português Yojimbo, o guarda-costas. Em inglês somente Yojimbo.

Prego no caixão que hoje é dia de venda o samurai malandro chegou na cidade mas toma cuidado com o playboy safado que tem um revólver e andou assistindo faroeste na tevê.


8º – Dersu Uzala (1975)

cartaz do filme Dersu Uzala

Em português e em inglês continua Dersu Uzala.

Bruxão nômade da Sibéria cuida de crianças adultas enquanto troca uma ideia com o fogo todas as coisas são pessoas mas nem a União Soviética poderia desfazer a maldição do tigre.


9º – Kagemusha (1980)

cartaz do filme Kagemusha

Em português Kagemusha, a sombra de um samurai. Em inglês Kagemusha, the shadow warrior.

Cores e sombras e cores alguém derramou tinta na tela parece droga menine a mentira é poder um sósia difícil é o ator ficar parado na cadeirinha enquanto assiste a lança tinir.


10º – Ikiru (1952)

cartaz do filme Ikiru

Em português Viver. Em inglês continua Ikiru.

Homem morto por décadas nasce ao saber que morre e decide tentar primeiro o hedonismo depois a inveja e por fim a guerrilha burocrática resultando em bebedeira e parque.


11º – Warui Yatsu Hodo Yoku Nemuru (1960)

cartaz do filme Homem mau dorme bem

Em português Homem mau dorme bem. Em inglês The bad sleep well.

Filha rica casa mal mas casa bem mas casa mal a equipe de jornalistas somos nós tem um recado no bolo revelação a vingança é um prato que se come se der tempo de evitar a tragédia.


12º – Shichinin no Samurai (1954)

cartaz do filme Os sete samurais

Em português Os sete samurais. Em inglês Seven samurai.

Longo demais.

 
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from receitas práticas agora

aqui da varanda o céu é preto vermelho azul e pontilhado toda noite o céu é completamente iluminado são os olhos que não capturam a radiação de fundo cósmica

e é só dançar que a vizinhança espirra

tome cuidado com as abelhas invasoras elas bebem o café depois o açúcar depois a umidade relativa e quando você se dá conta a colônia inteira está atrás de um sal de frutas

mas ó se o achado for caixa de chá cheiroso quem tem charme só me chame que eu chamusco viu?

quando ouvi o bem-te-vi que só canta -vi parei de cantar com o juízo

todos os gatos são pardos à noite menos os gatos brancos branquíssimos que são brancos não importa a hora do dia no estado do espírito santo

um periquito no telhado é sinal de sorte muita coisa por aqui é sinal de sorte somos sortidos

 
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from fulanopoeta

Um pouco sobre mim

Esta é minha estreia neste blog e já gostei do visual “focado” do editor de textos.

Agora, um pouco sobre mim: gostaria de ser escritor, escrevo no papel, no diário, leio um pouco também, e sou muito, muito sonhador. Gosto de me imaginar em diversos mundos e situações diferentes. Acho que sem o sonho, a vida não vale a pena. Mas é importante saber aproveitar a vida em si também. Ou seja, é preciso saber viver.

Espero escreve bastante aqui, às vezes poesias, às vezes prosas.

 
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from dobrado

(ou porque reiki não deveria estar no SUS)

Atenção: Esse é um texto criado por uma pessoa que só fez a primeira série do fundamental, não sabe nada sobre ciência e academia. Não me leve a sério, me leve para tomar um café.

A primeira vez que ouvi falar sobre Método Cientifico eu estava vendo Mundo de Beakman, na TV Cultura. Na época não foi importante, mas aprendi esse nome. Não me tornei alguém que gostava de ciência, nos próximos anos afundei e ficção tipo Julio Verne e conspirações como “A Terra Oca”. Na adolescência eu me atraí muito pelo ateísmo e ceticismo, comecei a duvidar das coisas e nunca parei. Porém, diferente das pessoas do ateísmo ativista, eu nunca liguei muito pra pseudociências, mitos e religiões. Fui um apateísta por natureza.

Antes de começar preciso explicar o que para mim é Ciência, Método Cientifico e Pseudociências.

  • Ciência são universidades, pesquisa privada ou governamental, industria farmacêuticas.
  • Método Cientifico é a forma que temos de testar uma hipótese para ver se ela é valida ou não.
  • Pseudociência é qualquer fato que não possa ser comprovado pelo método cientifico, citado acima.

Grande parte dos argumentos das pessoas a minha volta são sobre ciência, não sobre o método cientifico. E concordo com a maioria. Hoje boa parte da ciência é feita por um pequeno grupo de pessoas brancas, europeia ou e estadunidenses. A história da ciência é repleta de racismo, eugenia, abusos e colonialismo. Mas isso tudo não invalida o método cientifico, pois ele ainda pode ser exercido por qualquer pessoa no mundo, seja ela uma pessoa cientista ou não.

O problema começa quando pessoas querem fazer equivalência de coisas que não passam pelo método cientifico, junto das que passam. E normalmente o argumento é contra a ciência, seus preconceitos e colonialismo. O que, repito, é válido. Mas esquecem que mesmo nas pseudociências e “medicinas alternativas”, existem vários homens brancos poderosos por trás.

A homeopatia, por exemplo. É uma medicina alternativa, criada na França por volta do ano de 1807, por um homem branco. Essa medicina alternativa é suportada por inúmeras empresas farmacêuticas que fazem lobby para que, cada vez mais, seja incluída nas medicinas tradicionais. Por isso não faz sentido ser contra medicina tradicional, e apoiar homeopatia. Pois seu lobby e fabricantes são os mesmo.

“Mas e as medicinas indígenas? E as asiáticas? Você acha que nada disso tem valor?”

Não necessariamente. Para responder isso, preciso explicar algumas coisas antes.

No Brasil, a saúde é um direito do cidadão. Por isso temos o SUS onde podemos ter tratamento, remédios e assistência médica “gratuitamente”. (aspas, pois afinal, pagamos impostos) O Brasil é um país (em teoria), laico. Laicismo é um princípio político que rejeita a influência de igreja na esfera pública do estado. Por esses motivos, e não somente, coloca pseudociências e fatos científicos na mesma equivalência pode ser perigoso.

Afinal, devemos usar o tratamento com picadas de abelha da mesma forma que usamos antibióticos? Mesmo que usemos apenas como “terapias complementares”, devemos usar Constelação familiar (prática sexista, abusiva, criada por nazistas) da mesma forma que usamos meditação?

Por isso, chego finalmente ao ponto que eu gostaria: por que equivaler essas práticas que não passam no método cientifico com as que passam? Elas não deveriam ser consideradas equivalente às religiões? Assim damos a liberdade para quem quiser usufruir as práticas, o faça sem que o estado seja obrigado financiar elas para todas as pessoas.

Hoje a pseudociência incluí desde medicinas alternativas nazistas, passando por colocar ozônio nos anus e até chegar em horóscopo. Vocês, que apoiam pseudociências, apoiam e acreditam nelas todas? Sinceramente, espero que não. Volto a dizer que a ciência hoje é baseada em vários casos de abuso, racismo, escravidão, etc., mas o método cientifico ainda é a melhor opção que temos hoje. Usamos o método cientifico para testar hipóteses e deixamos de lado as que não conseguimos testar.

Se achar melhor por ser adepto ao método cientifico ou ao cristianismo, não te faz melhor ou pior, pois são coisas diferentes. Assim como antibióticos e homeopatia também são. E invalidar o método cientifico por erros de pessoas brancas e colonialistas, não faz sentido. Afinal, qualquer pessoa pode testar qualquer pseudociência e verificar se ela funciona ou não.

Enquanto negamos método cientifico, estamos a mercê da Constelação Familiar que culpa a vítimas de abuso e coisas menores, como de depender de horóscopo para conseguir emprego. E todas as pessoas que apoiam que pseudociências tenham a mesma equivalência da ciência, apoia isso.

“Mas eu não apoio constelação familia e não reconheço como ciência”

Que bom, mas não pode ser hipócrita em não reconhecer a Constelação Familiar e reconhecer Reiki como ciência.

No fim, só queria dizer que vocês não precisam só acreditar na ciência, na verdade, nem deveriam acreditar tanto nela. Testem, busquem conhecimento, questione. Mas não misturem coisas que são diferentes. Pois fica parecendo a galera da “umbanda vegana”.

 
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from devaneios oníricos

Este é um desabafo de quem está empreendendo.

Desde que lancei o meu estúdio de design de estampas, passei a estudar mais sobre marketing digital e percebi o quanto isso tem me feito mal e me deixado mais ansiosa. São inúmeras ~skills~ para dominar, descobrir quais os problemas dos clientes e aprender quais gatilhos usar para fazer com que a interação vire compra.

Ao refletir sobre essa situação, cheguei à conclusão de que a gente precisa olhar mais para si e analisar se tá valendo mesmo a pena usar essas estratégias marqueteiras, se é realmente o caminho solucionar o problema do cliente a todo custo ou entender como podemos ajudá-lo dentro das nossas possibilidades. Se é realmente o caminho saber todos os gatilhos que fazem as pessoas comprarem ou ter uma relação saudável com elas, baseada em honestidade. E se o marketing que fazemos traz um resultado positivo para nossa vida ao conseguir novas conexões/parcerias reais e não somente pessoas que compram.

Comprar é importante sim para que nossos negócios se mantenham. Mas fazer todo esse processo até a compra de um jeito que faz com que fiquemos doentes não é uma boa coisa. Se está sendo tóxico para mim e para a pessoa que estou tentando conectar/fazer parceria, não é bom sinal.

Os marqueteiros esqueceram do básico: em primeiro lugar somos pessoas e temos sentimentos que não estão aí para serem usados em vendas e que não respeitar isso no outro também é não respeitar a nós mesmos.

 
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from Gustavo Soares

Eu odeio ter que sair de casa para fazer compras sempre tem muita gente, é quente e muitas vezes tenho que caminhar um pouco...

Sempre fico suado, as pessoas ficam me olhando, os vendedores ficam em cima as vezes os seguranças também, vai querer fazer o cartão da loja? ignoro, posso ajudar? não estou somente dando uma olhada, são como pop-Ups na vida real só que não dar para bloquear.

Sempre tive a impressão em que as pessoas olham diferente para mim, meu estilo jovem lesado largado não ajuda muito, então não me sinto confortável, pode acontecer que você saiu sem o cartão e agora? você passa aquele vexame no caixa ao notar que esqueceu a carteira a caixa lhe olha estranho e o próximo cliente na fila o que ele está pensando?

Você compra por impulso, quando está comprando em loja física as vezes não tem o produto que você quer então você é vencido pelo cansaço de ter que ir em outra loja as vezes tem somente aquela na sua cidade.

Ah mas fazer compras em lojas físicas tem seus prazeres as vezes você dar de cara com homens interessantes mas nunca fui bom de paquera e normalmente estão acompanhado das esposas, meu tipo preferido pais de shopping.

chega a ser contraditório meu trabalho depende que eu saiba o que se está passando nos centros comerciais o que fechou o que abriu mas ao mesmo tempo não me sinto confortável andando...

não sou uma pessoa tão socializável como demostro, pra mim no momento de uma compra quanto menos contato humano eu tiver melhor, meio que uma visão liberal eu sei mas fazer o que não gosto de pessoas no momento das compras ainda mais que considero o ato de comprar uma decisão que tem que ser tomada com cuidado, sempre pesquise antes de comprar!

Totalmente contraditório, adorava passear de carro pela cidade com o falecido ao volante, adorava ver a metamorfose da cidade viva enquanto jogávamos um papo fora ao som de portugal the man, uma vez pedi que somente dirigisse enquanto em processava o que tinha acontecido nesse dia meu amigo tinha morrido sido morto num assalto, estranho como a estrada me acalma a paisagem passando em nossa vista

No final tudo passa...

 
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from Gustavo Soares

Era umas 8 horas da manhã quando percebendo que minha mãe estava se arrumando para sair, logo perguntei para onde, ela disse que iria para o centro de Teresina, como eu também tinha algumas coisas para resolver por lá aproveitei o embalo e fui junto. Minha única obrigação nesse dia era enviar esse fardo de Jesus no final acabou voltando comigo e agora bebo ele enquanto escrevo. Como estava de papo com um caseiro e havíamos decidido no dia anterior se encontrar no centro também o que rolou é que eu tive que ir parar depois do Zoobotânico para esperar ele, fui lindamente pensando ele não é só um cafuçu bonito mas também posso usufruir de algumas outras comodidades, tão enganado estava, no final o sitio era só mato e eu sonhando em nadar pelado na piscina mas podia ter aproveitado mais ter pego uns cajus né?

Como o combinado era dele me dar uma carona de volta para o mais próximo do centro, esse foi um dos momento que entra a Lana Del Rey na minha cabeça e começa a cantar Ride por que I am fucking crazy, but i am free, sentindo o vento na minha cabeça andando de moto e sem capacete, com o corpo totalmente duro, tive a oportunidade de ver novamente locais que passava de carro com o falecido, o que me trás nostalgia dos momentos bons que passamos, das conversas que tivemos e dos absurdos que comentemos...

Lidamente atrás de um carro da policia, na garupa de uma moto e sem capacete consegui chegar ao Rio Poty Shopping, horário propicio, horário de almoço, a vadia entra em cena e vai logo no banheiro do segundo andar (apesar de não gostar de não aprovar banheirões) não encontrando nada sigo para meu objetivo de comer um subway de 30cm por que segundo meus dados eu mereço esse mimo nem que seja gastando meus últimos trocados, novamente eu me ferro sozinho por não saber exigir nada nem mesmo uma bandeja.

a melhor cagada é em banheiro de shopping!

Novamente atacado pela Yag Vadia que tenho resolvi sair caminhando pela marechal, que com o bosque do lado é um lugar de pegação, não vendo nada e como boa conhecedora dos pontos de encontro pelo menos na teoria, resolvi caminhar a beira da marechal com destino final o parque da Iemajá, quase arrependido de ter feito esse percusso, chegando ao meu destino percebo que um daddy também tinha o mesmo destino que o meu. então entre as encaradas as perguntas, o que curti? Me chama para dar um passeio de carro, Maria Gasolina que sou aceitei apos alguns minutos a realidade bateu e os efeitos da adrenalina passaram e vi que meu daddy estava mais para um Grandpa, aquele momento que você percebe que tá saindo com seu Avô, subindo na escala de Daddy issues, acho que nesse momento percebi que iria brochar e não sirvo para ser prostituto juntando a isso o quarto que ficamos estava extremante quente e eu falei que ele era fumante? no final ele me deixou na miguel rosa marcamos de ele me ligar, espero que consiga pelo menos um litrão dessa vez.

Desidratado por um quarto quente e um dia abafado em Teresina resolvi ir ao subway comprar água e aproveitar um pouco do ar condicionado chegando lá encontro um gordinho bastante interessante mas com uma sensação de que eu conheço ele e também achando que finalmente meu príncipe encantado vai dar em cima de mim na vida real, ainda a esperança, nisso eu espero ele ser atendido para comprar minha água e com mais 7 reais eu poderia levar 700ml de refri uma ótima pedida para se reidratar! obviamente pedi de sprite para ser saudável nisso eu vou para um canto proximo ao meu crush mas mantendo uma distancia segura, onde tem uma mesa nada suspeita encostada em um canto afastado ponho meu copo e na hora que ponho minha mochila a mesa da uma leve inclinada e em questão de segundos 700ml de Sprite estão no chão e em mim, então esperando para ver a reação das pessoas abro minha água bebo mas continuo com sede peço desculpa para os atendentes que vão ter que limpar aquilo depois e saio e tento pedir um uber o que não rola e meu crush do subway e vejo indo embora... e se nenhum carro aceita aqui irei para o Fripisa mesmo todo molhado de refri parecendo que havia me mijado e no caminho um senhor fala “eai, superman”.

 
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from gbrlpires

Aviso de Conteúdo: Morte, Luto, Covid-19 —

Eu não tenho uma boa relação com a morte. No geral, eu finjo que a morte de pessoas, principalmente as mais distantes, não me atingem. Mas não é bem assim. Não sei se estou no nível ainda de falar profundamente sobre isso, entender realmente de que maneira o luto se movimenta pelo meu corpo.

Uma coisa que tenho pensado mais, nos últimos dias, é em como lidar com o luto na atualidade das redes sociais.

Este ano perdi um colega da época da faculdade pela covid-19. Ela não era uma pessoa exatamente próxima mas era uma pessoa pela qual eu tinha muito carinho e admiração. Uma pessoa que eu ficava vendo e torcendo de longe, comemorando seu sucesso, sua visibilidade e a vida que parecia melhorar a cada dia. Um profissional e uma pessoa incrível.

Apareceu na tv a notícia de sua morte. Mas, quando soube pelo grupo de mensagem, chorei como antes nunca tinha chorado, nem mesmo por familiares. Sei lá. Por mais que saibamos que acontece, a morte de uma pessoa jovem é sempre um baque. Ainda mais um corpo jovem preto. Um corpo jovem LGBTQIA+. Choramos pela pessoa e um pouco por nós mesmos, talvez.

O foda é que por ter sido muito presente nas redes sociais, eu encontro fragmentos digitais do que foi a pessoa em vida. Uma playlist no Spotify, uma imagem de seu trabalho no Pinterest, um quadro na parede da casa de alguém com quem estou fazendo reunião. Esses dias, procurando uma foto antiga para publicar, encontrei um print de tela que tirei de uma postagem feita por ele. Era uma recomendação, não lembro exatamente do quê. Acho que uma música que eu queria ouvir mais tarde. Mas além da recomendação, uma foto também desta pessoa. Sorrindo, quase sempre como fazia.

Nestes quase cinco meses desde a sua morte foram poucos dias em que não pensei nele. Guardo algumas poucas lembranças. O compartilhar da preguiça por alguns dogmas da nossa profissão, da vida acadêmica meio torta como é. Lembrei que tenho guardado um desenho que ele me fez, num dia de aula chata. Não lembro exatamente o que ele fazia lá, já que éramos de turmas diferentes. Fiquei me sentindo incrível naquele dia, quase naquela sensação de fã que foi notado pelo artista preferido. Ele ainda não era famoso naquela época. Mas eu já o admirava. Colei o desenho dele na parede da kitnet que eu morava, feliz da vida.

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Sonhei com ele na noite de véspera da minha primeira dose da vacina. Fui me vacinar mas não consegui ficar feliz. “faltava tão pouco” era a frase que não saía da minha cabeça.

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“Não posso correr de mim mesmo Eu sei, nunca mais é tempo demais Baby, o tempo é rei”

—Black Alien

 
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from brenno

Tomei a vacina. A ansiedade era grande, tanto que acabei tomando um dia antes do calendário certo por um erro meu... era pra tomar no dia do meu aniversário. A junção desses dois fatos mexeu um pouco com meu tico e teco, e acho que vou escrever um pouco sobre isso (e muito mais) para me distrair um pouco dessa ansiedade.

Faz 490 dias desde que foi decretado o primeiro “lockdown” por aqui, e não foi fácil para a imensa maioria das pessoas... e ainda não é para muitas outras. Avalanches de notícias e informações assustaram muitos, e como sociedade não sabíamos bem como lidar. O mundo tentava entender o que estava começando e se voltando para quem pudesse responder: profissionais, especialistas e pesquisadores em saúde, biologia, medicina, e etc. O mundo se voltou para as pessoas que trabalham diretamente com ciência e ou que dela fazem uso em suas práticas diárias. Esforços enormes foram feitos por esses, que salvaram muitas vidas. Esforços que resultaram na vacina que está no meu braço e no de outros milhões aqui e no mundo, e que espero que esteja no braço de muitos mais logo em breve.

Mas todo esse esforço e conhecimento sobre o que deveríamos fazer não foi o suficiente para nós e parece que nunca será. “Poderíamos ter feito mais, poderíamos de feito melhor”, acredito que essa deva ser a máxima, fazer sempre o melhor e mais. Mas muitos de nossos governantes, políticos, empresários e pessoas influentes trabalharam para ir no caminho contrário de todo esforço e conhecimento realizado por profissionais e comunidades sérias. Mentiram, desinformaram e mataram muitos de nós... sem eles a tragédia já seria grande, mas eles fizeram questão de deixar ainda maior. Muitos dos que não perderam suas vidas perderam empregos e sustento, esses poderiam também ter sido menos prejudicados se não estivéssemos envoltos nessa espiral de contaminação gigante.

É difícil, eu perdi amigos muito queridos, amigos meus perderam amigos e parentes próximos... sinto dor e choro por saber que não poderei mais abraçá-los. Eles poderiam ter tomado a vacina antes, eles poderiam estar num país onde o governo não incentivasse o contágio da população, não desinformasse e usasse o ódio, o medo, o sentimento de muitos a favor deles e da contaminação. Eles poderiam estar com seus amigos e entes queridos hoje.

Viver momentos históricos não é fácil, muitas vezes nem é perceptível, e certamente esse é um desses momentos. No futuro nossos erros como sociedade ficarão mais claros, os responsáveis por tantas mortes ficarão nos registros e no imaginário de nossos descendentes. Só espero que possam aprender com nossa história, pois infelizmente parece que nós não aprendemos.

Sei que nossas vidas não são pautadas em todos os momentos pelo que é ciência, por um saber que nem sempre é fácil de explicar e que pode entrar em conflito com outros saberes, outros discursos, sentimentos e crenças. Convivi com pessoas dentro da área de educação que eram formadas em áreas da saúde e que por não saberem como funciona uma vacina discursavam que essas poderiam fazer mal, que era um excesso de remédio, que o “natural” é melhor. Um discurso que eu achava perigoso, potencialmente criminoso e que é base de discurso antivacina, anticientífico... e isso acaba valendo para muitas outras pessoas e para muitos outros assuntos, não só vacinas. Somos regidos por nossas vivências, nossas experiências próximas, nossas relações pessoais e profissionais, sentimentos que cultivam em e perto de nós, e se isso por vezes se choca com um saber novo, que questiona e/ou confronta o que acreditamos até então ser o certo, nós fechamos os olhos e muitas vezes agimos contra. É assim, e infelizmente continuará sendo assim... e é por isso que comunicação científica é difícil, e por muitas vezes não é valorizado.

Mas apesar de todos esses vieses que possuímos, o trabalho científico tá aí... salvando vidas e indo parar no braço de muitos. Espero que esse trabalho continue, pois com certeza ainda vamos precisar muito dele.

Cada parágrafo aqui daria para destrinchar em textos enormes sobre o que aprendi, senti e vivi nesses 490 dias..., mas não consigo mais. Só quero que todos tomemos vacina e que “tudo isso logo acabe”.

Tomando vacina Vacina tomada
 
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from Notas de Aula

Anotações:

Leitura

O texto de Gadamer é crítico ao projeto iluminista, mas é uma crítica em certa medida conservadora e tradicionalista. Me incomodou a referência a Heidegger (nazista de merda). Apesar disso, não é um texto estúpido e tem sacadas interessantes. Trata da interpretação como processo dinâmico: iniciamos a leitura de um texto com várias preconcepções, que nos fazem projetar significados desde o começo. Essa projeção entra em conflito com o texto em si durante a leitura – se nossas preconcepções divergem do texto, ele começará a não fazer sentido. Para restituir o sentido ao texto, devemos reavaliar nossas preconcepções. Esse movimento circular se repete, e sabemos que estamos na direção certa quando temos poder preditivo, que pode ser confirmado com o texto. Esse processo me lembra a ideia de acomodação de Piaget e parece uma espécie de dialética.

Nesse momento Gadamer faz um passeio por lugares horríveis defendendo uma ideia específica de preconceito útil. Pois é. Passando vivo por esse trecho, vem algo mais relevante: ele critica o que chama de historicismo, que seria a tentativa de estudar a história objetivamente, se desvinculando da substância do que o passado tem a dizer. Uma análise historicista tende a nos separar do passado, como se não houvesse nada a aprender com suas obras, como se não falassem conosco. O texto entra então na defesa de uma ideia de clássico: clássicos seriam aqueles artefatos que estão acima do momento histórico e representam algo mais geral, ao qual pessoas de vários períodos históricos podem se conectar.

Tratando novamente da hermenêutica, Gadamer adota a regra segundo a qual devemos “entender o todo em termos do detalhe e o detalhe em termos do todo”. Quase dá pra ouvir Hermes Trismegisto cantarolando com Jorge Ben “o que está no altoooo é como o que está embaaaaixo”. Defende que o critério que define se entendemos algo ou não é justamente a harmonia dos detalhes com o todo. Mas ele não baseia essa regra em nada muito sólido, cita que é algo conhecido da retórica antiga e tenta mostrar que é auto-evidente. Eu não me convenci muito bem. E se a obra for heterogênea, sem unidade? Não é possível manter conflitos entre partes e todo sem prejudicar o entendimento?

O texto então critica a ideia de que a tarefa da hermenêutica seria colocar-se completamente na mente do autor para solucionar tudo que é estranho no texto. Não que ele considere errada a busca por harmonia, mas sim o foco no autor. Defende que a hermenêutica é na verdade um jogo entre o interpretador (com suas preconcepções derivadas de seu tempo e tradições) e a tradição em que o texto em si se insere. A tradição ultrapassa o sujeito (por isso não basta “entrar na mente do autor”), mas não se livra completamente dele, é uma relação de participação. Não só o autor participa de uma tradição, mas o leitor também. Nesse sentido, a interpretação é sempre produtiva: o significado interpretado sempre ultrapassa o intencionado pelo autor, inclusive porque depende também da nossa participação, condicionada a nossas tradições e a nosso tempo histórico.

Gadamer vê a distância histórica como algo positivo, é como se a obra de arte fosse fermentada pelo tempo e curtida das impurezas que encobririam completamente o sabor de sua importância permanente. Basicamente, a distância histórica valoriza o que é atemporal na arte. Nesse ponto eu me perguntava se não seria interessante aplicar essa ideia à arte de outras culturas em nosso próprio tempo histórico: a distância cultural valoriza aquilo que é universal ou ao menos comum. Achei a ideia interessante, mas não deveria parar aí: ser tocado apenas pelo que se tem em comum é fácil, mas muitas vezes é melhor ser chacoalhado pelo que é diferente. Claro que Gadamer não vai defender isso de jeito algum. Ele se esforça para dar mais valor àquilo que, além de antigo, pertence à mesma tradição do interpretador.

O texto então introduz o conceito de história-efetiva: a soma do objeto histórico em estudo com o ponto de vista histórico em que o investigador está imerso. A história-efetiva determina tanto o que nos parece válido investigar quanto o que se mostra como objeto de investigação. Esse é um conceito bem interessante, que acho que Gadamer não leva às últimas consequências no texto. Em uma associação meio desbaratinada, me lembra a ontologia que na física se chama de superdeterminismo: investigação e fenômeno estão conectados por um fio de causalidade inquebrável.

Depois de montar a ideia da história-efetiva, Gadamer dá uma punhalada final no objetivismo histórico, ou historicismo:

“Historical objectivism resembles statistics, which are such an excellent means of propaganda because they let facts speak and hence simulate an objectivity that in reality depends on the legitimacy of the questions asked.”

Por fim, o texto diz que é possível usar a história-efetiva em benefício da hermenêutica por meio da expansão do nosso próprio horizonte de compreensão. Não se trata de colocar-se no lugar do outro, o que seria útil apenas para objetificar o horizonte histórico do outro, mas sim de colocar-se em relação ao outro, compreender sua mensagem a partir de sua posição histórico-efetiva em relação a nós. Busca-se, assim, concordância, terreno comum. A expansão do horizonte interpretativo, portanto, só seria possível tornando-o mais universal, abstraindo a nossa particularidade e a particularidade do outro.

Aula

Na aula, o professor faz uma rápida passagem pela história da hermenêutica. A hermenêutica, na forma moderna, teve origem com a reforma protestante. No início se restringia à interpretação da bíblia. Conforme a burguesia começou a instaurar formas de governo constitucionais, a hermenêutica se expandiu para incluir a interpretação da lei. Apenas ao final do séc. XVIII a hermenêutica começou a ser aplicada à literatura, em paralelo ao surgimento do romantismo. Até então o ideal da literatura era a transparência, o que significa que qualquer dificuldade de interpretação era indicativa de literatura ruim. A ênfase na “genialidade” do autor, marca do romantismo, tornou os textos literários seculares mais parecidos com os textos bíblicos: importantes e difíceis de entender. A hermenêutica, portanto, habitou uma a uma as clareiras abertas pela secularização burguesa pós-iluminista até chegar à literatura.

Professor ressalta que o círculo hermenêutico é, para Gadamer, uma relação entre o leitor e o texto, mas outres autores usam a ideia de círculo hermenêutico como uma relação entre o leitor e o autor, tendo o texto como meio. Ressalta o padrão dinâmico do círculo hermenêutico: alternância entre compreensão da parte e do todo, ou do presente e do passado (como argumentado por Gadamer ao falar de tradições e horizontes de compreensão). Afirma que Gadamer limitou o círculo hermenêutico a uma relação entre períodos históricos em seu texto, mas que deveria se aplicar a relações entre culturas distintas mesmo que ambas atuais.

Explica a crítica de Gadamer ao objetivismo histórico e diz que é importante que essa crítica busca encontrar maneiras de aprender com o passado, é um reconhecimento de que o passado tem algo a nos dizer e não é apenas um objeto distante. Reforça que é impossível olhar qualquer coisa sem preconcepções. Critica o ponto de vista de Gadamer sobre preconceitos úteis e sobre a busca de terreno comum: é um projeto conservador que pode ser perigoso – é possível encontrar ressonância em ideias horríveis do passado, não apenas em ideias edificantes.

Por fim, cita uma crítica à posição de Gadamer, vinda de Hirsch. Em resumo, há dois pólos opostos que se chocam, o de Gadamer-Heidegger (tradição, interpretação subjetiva, verdade comum), e o de Hirsch-Kant (intenção, interpretação objetiva, imperativo categórico):

  • Gadamer: implícito no historicismo está o abandono do que o objeto analisado tem a nos ensinar – deixamos de ouvi-lo.

  • Hirsch: implícito no círculo hermenêutico está a instrumentalização do outro, o apagamento do autor em prol de nossos próprios fins.

Sinceramente, não me atrai muito essa briga. Entre Heidegger e Kant prefiro tirar um cochilo.

 
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from Notas de Aula

  • Prof.: Paul H. Fry (Universidade de Yale)

  • Vídeos: 1 – Introdução 2 – Introdução (cont.)

  • Leituras:

    • Foucault: “O que é um autor?”
    • Barthes: “The Death of the Author”

Anotações:

Interessantes os textos. Foucault fala de “fundadores de modos de discurso” como Marx e Freud, que seriam sempre revisitados e reinterpretados pelos marxistas e psicanalistas e que representam um tipo de discursividade, em contraste com cientistas como galileu e newton, que são superados e englobados pela discursividade “impessoal” do método científico. A descoberta de um texto novo de Marx, por exemplo, influencia o marxismo atual (como aconteceu com o estudo dos Manuscritos Econômicos e Filosóficos de 1844), ao passo que um texto novo de Galileu seria mera curiosidade histórica. Foucault fala disso no contexto do seu conceito de “função autor”: o autor é uma “cola” que mantém a coerência de uma obra, ou uma linha que traça os limites do que se considera uma obra. No caso dos modos de discurso, o autor “fundador” passa a ser usado como cola de uma obra que ultrapassa a si mesmo. Outros detalhes: Foucault localiza a origem da autoria na repressão: historicamente, passa-se a apontar autores quando se quer puni-los, ou seja, quando há a possibilidade de transgressão; enfatiza também que muitos tipos de discurso não utilizam a função autor.

Já Barthes argumenta que há diversas vozes ou perspectivas no texto: a do autor (como sujeito consciente da escrita), a da pessoa de carne e osso que possui ideias que dão forma ao texto, a dos personagens, a do momento histórico etc. comparando isso à tragédia grega em que palavras ambíguas são entendidas de maneiras distintas por personagens diferentes, mas em que o espectador consegue ver por todos esses ângulos (no caso do texto, seria o leitor). Para Barthes, portanto, o leitor é o foco da escrita após a “morte” do autor.

O professor chama a atenção para o período histórico em que Foucault e Barthes escreveram seus artigos (~ anos 60), insistindo na ideia de que são artigos contra a “autoridade” percebida na noção de autor, no sentido policial ou coercivo do termo. O autor seria um limitador da interpretação, um tolhedor dos significados – Barthes tem uma passagem em que zomba dos críticos, que adoram a ideia de autor pois lhes permite “desvendar” o “significado real” da obra e encerrar o caso. Foucault teria tentado recuperar a noção de autor – descartando a coerção – quando fala de Marx e Freud como fundadores de modos de discurso, flexíveis e permeáveis aos desenvolvimentos posteriores, cumprindo apenas uma “função autor” ampla sem imposição de verdades. Ao final da aula, uma contraposição ao pensamento de Foucault e Barthes é citada: a condição de autor, de sujeito, é algo que pode ser apropriado e reinvindicado por pessoas marginalizadas como ferramenta de afirmação e representatividade.

Vejo essa última crítica com curiosidade. Certamente as ferramentas do amo não podem destruir os sistemas do amo (leia-se: modernidade, colonialidade...), mas quais são essas ferramentas? Autoridade coerciva sim, mas também objetificação. A posição de Foucault e Barthes parece extremamente objetificadora, ao menos para o(a) autor(a). Barthes garante apenas ao(a) leitor(a) um papel de sujeito, Foucault também parece fazer isso implicitamente. No entanto, outra ferramenta do amo que pode complicar tudo isso é o individualismo hegemônico – do lado de Foucault e Barthes o indivíduo leitor-sujeito como foco de sentido (o que Foucault ameniza com os “modos de discurso”, se vistos como tradições coletivas), do lado da crítica um indivíduo autor-sujeito como foco (o que poderia ser amenizado se o autor-sujeito fosse não uma pessoa, mas uma coletividade, por exemplo). O lado do “autor-sujeito” foi apresentado de forma superficial na aula, seria interessante pensar a construção de autorias coletivas ou fluidas ou, de outra forma, anticapitalistas/decoloniais.

 
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from gbrlpires

Ontem fiquei pensando no tempo que não publico nada em lugar algum, sem que seja a timeline das redes sociais.

Fiquei sentindo falta de escrever, de ter um blog, de jogar pensamentos mais elaborados. De repente eu percebi: mas eu tenho um blog. Tenho uma newsletter também. Tenho uns textos perdidos por aí que nunca ninguém viu. Por que eu não publico nada lá?

Esse pensamento chacoalhou umas tantas inquietações que já me perseguem desde muito. Percebi que eu sinto falta mesmo é de escrever sem culpa. Sem a gramática perfeita. Sem ser o texto coeso com início, meio e fim. Sem ser o textão, mas também sem ser o textinho. Ou qualquer fucking coisa que eu tenha vontade. E que é isso que me impede de publicar um pouco dos sem número de coisas que passam pela minha cabeça e pelo meu corpo.

A culpa.

Já não aguento mais sentir culpa por ser quem eu sou ou quero ser. Com todos os defeitos. A pessoa horrível, ou boa, ou só a pessoa que sou. Incoerente e bagunçada, caótica. Inteligente ou meio burra. Cafona, hipster. Diferentona ou comum demais, que seja.

E nessas eu acabo sendo nada.

 
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from renaN

É corrido, mesmo em casa as vezes cê nem para pra reparar. Levanta, toma café, senta, lê, estuda, as vezes finge. Desce pro almoço, faz a digestão as vezes assistindo algo, as vezes olhando a paisagem. Sobe pro quarto, enrola, lê, estuda, estágio, as vezes finge. Noite, janta, ler, dormir. Rotina de quarentena: incluir conversar com amigos de casa, trocar mensagens, produzir pesquisa.

A rotina mecânica não é culpa da pandemia e do isolamento social. Talvez esse contexto facilite perceber ou torne as atividades de rotina menos variadas na medida em que o espaço no qual podemos circular é reduzido. Esse texto não é sobre essa rotina mas sobre o dia em que anoiteci.

Existe, nos extremos de um dia, um espaço de tempo em que não é dia tampouco noite. Talvez o final de tarde exemplifique o que quero dizer mas, sem observar atentamente, é fácil incorrer no erro de considerar o “final de tarde” algo à parte da noite. É provável que o momento ao qual me refiro seja, em um diagrama de venn, a intersecção entre tarde e noite e é dessa intersecção, desse momento que é várias coisas, final de tarde, inicio de noite, hiato ?? mas que nomeio à contragosto, que falo aqui.

Não estou apelando pra mágica desse momento, nem advogo que a salvação da humanidade será fruto dele. Esse é só um texto sobre o dia em que, junto com a Terra, senti que estava anoitecendo; desacelerei; reconheci brevemente que, não importa onde ou com

Foi olhando da minha janela, depois de uma chuva de verão responsa, com o sol iluminando as nuvens no céu que comecei a anoitecer. Se ainda estava escuro por conta da chuva torrencial e das nuvens ainda no céu, havia luz suficiente pra entender que ainda não era noite, que o dia ainda não havia findado e que ainda faltava coisa a ser feita: sobre a Terra, ainda faltava anoitecer; natural seria, que a natureza a acompanhasse nesse processo; estranho seria se eu, como humano no século XXI, me considerasse ligado a ele. A questão é que nesse dia eu me senti.

Mas o que, afinal, é esse anoitecer? Em partes envolve reconhecer que o dia tem momentos específicos pra determinadas atividades. Nesse dia pude observar isso. Com a chuva recém-passada os pássaros iam dando seus últimos voos, os ben-te-vis anunciavam que ainda bem-viam, mas que logo já não mais. Os mariporãs insistiam em dar um ou outro rasante entre as árvores e, conferindo o aspecto de metrópole, os pombos pombeavam. Tudo isso, no final das contas, pra assumir que já nesse momento a ordem das coisas era tal que se encaminhava para o descanso. Eu gostaria de poder descrever outros aspectos da natureza “anoitecendo” com relativa serenidade mas não é o caso.

O dia que anoiteci envolveu compreender, no interstício entre o dia e a noite, a oportunidade de serenar o coração, de me encaminhar com corpo, mente e todo o mais que me compõe para a noite e pras graças de Hipnos. Foi nesse momento, depois de reverenciar a doce compreensão recém adquirida sobre inícios de noite, que parei para refletir sobre o que tinha feito de meu dia até então, desacelerar meu corpo da rotina e ouvir, sentir e respirar. Um momento pra me desapoquentar e encarar com mais brandura as últimas atividades do dia.

A ironia? Faz cerca de semana desde então e, na rotina acelerada, só agora, escrevendo sobre, me ocorreu que em nenhum outro dia tentei repetir a experiência. Está dado o novo compromisso: tire um tempo e, assim como a Terra, anoiteça antes de seguir adiante

 
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from Amarelo Gemada

Mais um texto de 2015. Até agora está sendo interessante reler estes escritos e perceber o que mudou e o que não mudou. O mais difícil, porém, é não julgar o que eu pensava ou a maneira como eu escrevia ou desenhava.

Há alguns anos eu tinha uma verdadeira preguiça em usar e-mail, mas eu invariavelmente tenho preguiça pelas coisas antes de conhecê-las mais a fundo. Quando acabo conhecendo, por vezes me empolgo tanto com a descoberta da utilidade delas na minha vida que as pessoas ficam sem entender o motivo de toda minha euforia. Deve ser porque ao contrário do que esperam de uma virginiana e de um ISTJ (ou INTP-T, whatever), eu sou bastante desorganizada. Então, qualquer ferramenta que eu consiga adaptar à minha vida e me ajude a ter o mínimo de controle sobre minhas tarefas eu estou abraçando (ou ao menos tentando). Tenho uma amiga, virginiana também, a próposito, com cerca de 10 anos a menos do que eu que fica simplesmente indignada com o fato de eu ainda usar e-mail. Dias atrás, um dos slides da aula de marketing na faculdade descrevia que a geração Z considerava o e-mail como old-fashioned e, apesar de eu odiar marketing e não levar quase nenhuma dessas ideias a sério, a indignação dela fez um pouco mais de sentido pra mim.

Apesar de ser considerado por muita gente apenas mais uma coisa dentre tantas que precisamos ter para nos cadastrarmos em qualquer lugar, sejam elas redes sociais ou para conseguir alugar uma casa — como um RG — , eu encontrei meu amor há alguns anos quando meu companheiro passou a se comunicar cada vez mais comigo por e-mail. Provavelmente isso aconteceu com a decadência e anunciado fim do MSN, e como estávamos com pouco tempo de relacionamento, tínhamos que achar outras alternativas de nos comunicarmos, já que cada um morava em cantos extremos da cidade. Atravessar São Paulo de ônibus nunca foi uma coisa muito rápida. Por causa disso, sem perceber passei do estado de quase nem lembrar o meu próprio endereço, até ser uma das primeiras coisas que eu faço no dia. Hoje quando estou no computador, eu abro meu e-mail antes de qualquer outra rede social e algumas vezes ainda meio dormindo enquanto ainda estou sentada no banheiro (informação demais, eu sei). Meu e-mail fica aberto o dia todo e durante todo o tempo que estou conectada na internet via wi-fi, e só não no smartphone porque não sou das pessoas adeptas ao 3G (caro demais, lento e uma telinha minúscula que me irrita, não obrigada). Em contrapartida, apesar do vício assumido, algumas outras redes sociais eu uso esporadicamente, ou simplesmente “sumo” por tempo indeterminado quando estou de saco cheio do mundo. Até porque algumas delas não contribuem em nada para manutenção da minha saúde mental ou porque eu realmente canso de ficar tão exposta o tempo todo. Ok, você pode até me dizer que e-mail não pode ser considerado bem uma rede social, mas vejamos como eu uso meu próprio e-mail:

Eu tenho uma série de amigos que eu me comunico quase que exclusivamente por e-mail, quando não pessoalmente. Alguns se conhecem entre si, outros só sabem da existência destes outros pelo endereço de e-mail, alguns são amigos dos amigos. Há amigos que são ex-metaleiros, outros são ex-otakus, ou os dois ao mesmo tempo. Não seria mais prático então usar uma lista e-mails? Uma lista de e-mails não daria exatamente certo no nosso caso. Por que dentro deste minúscula rede, há os que gostam de humor mais rebuscado, meio Monty Python, outros são viciados em gifs animados encontrados no Imgur. Tem também os que são verdadeiros, e num ótimo sentido, Social Justice Warriors e outros que apesar de pessoas muito legais, têm outras prioridades. Ou seja, somos muito diferentes e nossos e-mails são escolhidos e enviados exatamente para as pessoas que queremos, porque o que pode ser interessante para um, não faria muito sentido para o outro. Isso é o que é mais bacana, nós nos conhecemos minimamente, (e alguns é minimamente mesmo), mas já é suficiente para sabermos que não seria bacana mostrar aquele vídeo sobre sei lá, os males da indústria da carne, para um amigo que é vegano e que pode se sentir mal vendo aquilo. Não existe uma timeline única que você vez ou outra pode se deparar com alguma coisa bem desagradável. Não existem pessoas que invadirão a sua página para falarem o que bem entenderem contra o que você está compartilhando. Não existem insultos ou assédios por inbox. Não existe a cobrança de você estar ali todos os dias, “batendo ponto”, porque o compartilhamento de ideias é espontâneo. Não se tenta medir a sua saúde mental, emocional pela quantidade de vezes que você ficou online. E apesar disso tudo, existe a discussão de tópicos, a troca de informações, a desconstrução, o entretenimento e a possibilidade real das pessoas escolherem com quem e quando vão compartilhar, o que as vezes é bem difícil de controlar nas redes sociais mais comuns. O mais importante de tudo é que na nossa pequena rede social temos respeito um pelos outros, por suas particularidades e pensamentos e aprendemos muito escutando uns aos outros, independente do assunto que estiver correndo. E claro, nos divertimos muito também.

Este texto e estes pontos nem podem fazer sentido para você, você pode continuar achando (e tem todo o direito disso!) o e-mail uma coisa velha demais, chata demais, etc. Mas para meu ser introvertido, neurótico pelo controle de privacidade, e avessa a algumas cobranças, o e-mail ainda é para mim, A Melhor Rede Social do Mundo™.

Texto publicado originalmente em: 3 de Outubro de 2015 no Medium.

 
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from renaN

Esse é um texto sem nada. Esse é um texto sem preparo. Mas não sem carinho.

É um texto que precisava sair, então ta aqui. Tal qual aquele arroz que tu faz às pressas, enquanto refoga a cebola pica o alho, e enquanto o alho na panela corre pra pegar o arroz antes que comece a subir o cheiro de queimado.

Mas do jeitinho que saí esse arroz, esse texto nasce porque quem fez queria. Ou precisava. Ou os dois.

O fato é que faz tempo que penso em escrever, em publicizar esses pensamentos que a gente sempre vai colocando no papel, ou aquelas ideias que vez ou outra surgem, cutucando, dizendo poderia escrever sobre isso.

Seguindo as boas normas de convivência seria educado me apresentar aqui. Vou aproveitar o texto cru sem estrutura pra dizer quem sou ou acho que sou e o que quero ser.

Sou Latino-Americano, estudante universitário de Gestão de Políticas Públicas que acredito piamente que esse deveria ser um curso de formação cidadã, e não de ensino superior. Pode parecer técnico, mas bebe muito na sociologia, história e direito.

O que quero ser é tanta coisa; Tem uma coleção de hobbies, passatempos, vontades e planos que vão sendo relegados pro segundo plano até termos tempo. MAS com certeza, já que falei de tempo, quero ser alguém que usa o seu para fazer o que quer, o que sabe que gosta. É diante dessa vontade que me azucrina, que me exige escrever e publicizar, tal qual o besouro que azucrina Bras Cubas enquanto não se decide sobre Eugênia, que publico esse primeiro texto.

Como apresentação confesso que não fica muito bem, fui incapaz de expor do que vou tratar aqui, mas é isso. Esse texto precisava sair, tenho agora uma obrigação contigo, sério, que ta lendo. Nos falamos mais daqui uma semana!

Como um texto cru, até que ficou bem feito. Talvez um pouco empapado por não usar a técnica de ferver a água antes de botar no arroz. As vezes sem sal, pela pressa ou medo de exagerar mas aqui está ele. Pronto pra vir ao mundo e servido à mesa, senão com orgulho, com coragem.

 
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