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from Tecnologia Não Resolve Tudo

Você já sentiu um desconforto quando começa a fazer uma coisa nova? Aquela sensação de “porra, não consigo fazer isso de jeito nenhum”, busca aí na mente a última vez que sentiu isso, captura esse momento, agora pensa em outros momentos e compara. Parece que pra algumas coisas, o nosso desconforto vai ser muito maior do que em outras algumas coisas. Esse desconforto às vezes se soma aos pequenos irritantes, aqueles desafios do dia a dia que deixa a gente irritado. Como não conseguir passar o RioCard de primeira, seja porque a máquina de cartão não leu direito o chip ou porque você fez recarga e recarregou na hora ali. São coisas pequenas, esquecíveis, mas que quando rolam com você, te trazem sensações desagradáveis, em diferentes intensidades. 3 pessoas negras numa cozinha, bem típica no brasil. Geladeira com ímãs. Paninho de rendinha na mesa. Estão conversando e dando risada, enquanto uma mulher negra jovem mexe no computador, com fones de ouvido.

Agora imagina o seguinte cenário, você tentando explicar pra sua mãe que ela precisa botar senha no telefone dela, ela diz pra você que não precisa, que complica mais pra desbloquear a tela. Você insiste, explica novamente, fala sobre um assaltante que se levar o telefone dela e tentar abrir o aplicativo do banco, sem a senha na tela vai facilitar um pouquinho. Ela te responde, mas o aplicativo do banco tem senha, ele não vai acessar, e aí já sem tanta paciência você rebate, mas mãe, tem formas de descobrir a senha do seu aplicativo, sem precisar da senha. Ela encerra a conversa dizendo, então não preciso botar senha na tela, se dá pra descobrir de qualquer jeito, qual a diferença?

Bom, não é bem por aí. Queria parecer confuso no começo desse texto de propósito, pra ilustrar que a gente se aborrece, no geral, as pessoas se aborrecem o tempo inteiro, pra fazer qualquer coisa. Desde ações pequenas que modificam nossa rotina, até grandes passos transformadores de realidade. E com as bugingangas tecnológicas não seria diferente.

Começamos na internet discada, com aqueles grunhidos que saíam das caixas de som durante a tentativa de conexão, após isso passamos para modens de Oi Velox capazes de transportar longíquos 1 megabytes de dados. 5 megabytes hoje em dia não é nem um PDF que você manda pra um colega de trabalho depois do expediente. A internet evoluiu muito. Atualmente passamos em média 9h por dia no celular, segundo estudos, essa é uma das maiores médias de uso do celular do mundo, aqui o Brasil ganha de 7 a 1, em tempo de tela. mulher negra tomando café olhando pra câmera, na mesma cozinha linda da foto anterior.

Repensar a forma como lidamos com essa relação intensa com as telas, é um aborrecimento. Você ousaria ficar 1 mês inteiro sem celular? Imagina o aborrecimento que isso te causaria, na vida pessoal, profissional, familiar, no barzinho de sexta, na feira de domingo, no caminho pro trabalho novo. Esse grau de irritação seria muito alto em um mês inteiro desconectado, mas ele pode ser menor, conforme você diminui o tempo fora, ou melhor, de acordo com novos modos de usar seu celular, você pode se aborrecer menos e aumentar a qualidade da sua relação com as telas. Pode até transformar sua vida celulística num jeito de potencializar sua existência, melhorar sua comunicação, fortalecer seu autocuidado e outras coisas inimagináveis, até porque, enquanto sociedade nunca tivemos boas relações com as máquinas.

Em uma caminhada pelo cuidado da saúde mental, não estar tanto tempo deslizando o dedo pelas telas, pode ser uma boa saída. Principalmente se você é uma pessoa trans nas redes, os dados sobre discurso de ódio à pessoas trans e LGBTQIAP+ são ensurdecedores. Números esses que se multiplicam de uma rede social para outra, são violências que tem como plataformas esses aplicativos e sites de “interação social”. Revisitar seus modos de uso dos celulares, pode te deixar mais feliz quando estiver online, mas eu vou torcer pela paz como Jroge Ben Jor, pra que você prefira sempre ficar offline, se puder e se quiser.

A tudo isso, essa irritação digital e a necessidade de se proteger digitalmente, temos uma coisa no meio do caminho, a nossa taxa de aborrecimento, [taxa de aborrecimento] nas novas tecnologias, [taxa de aborrecimento] nas novas ferramentas, [taxa de aborrecimento] nas novas práticas. Mas como pra tudo temos [taxa de aborrecimento], tipo quando queremos deixar o sedentarismo de lado, correr um pouco por dia, mas só por 5 minutos, pra não ficar pesado. Pra quando queremos dormir cedo, mas meia noite tá bom, depois eu vou dormindo mais cedo se conseguir. Sempre criando nossos meios de diminuir nosso aborrecimento, nosso desconforto fatídico ao mudar de vida. Ao cuidar de si mermo, a botar nossa saúde como prioridade ou simplesmente, querer mudar um pouco, porque mudar é importante.

A taxa de aborrecimento, vai estar presente em tudo que puder fazer a sua vida diferente, pra melhor, ou pra pior. Por isso é importante estar atento a ela, tomar cuidado. Porque ela também indica se essa mudança vai valer a pena pra gente, tem mudanças mais dolorosas que outras, que nossa taxa de aborrecimento vai beirar o infinito, mas que podem nos salvar a vida. Outras modificações dolorosas, podem mexer em nossa tolerência pelo aborrecimento, mas podem verdadeiramente estar acabando com a gente, e talvez é preciso recuar nessa, rever, repensar, desfazer, recomeçar. Na tecnologia é por aí, se um dia te falarem que seu celular ouve suas conversas, dê uma refletida, consigo me cuidar disso? Preciso me cuidar disso? Posso aprender como, preciso saber se quero.

A proposta dessa coluna, minha família, é apresentar a vocês possibilidades de cuidados digitais, celebrar o que vocês já sabem desse mundo-maluco-tecnológico, engrandecer suas dúvidas, pra gente lidar com elas, deixar nossa taxa de aborrecimento curta e aceitável. Enfrentar o medo desse tanto de nomes em inglês que mexem com nossa vida cada vez mais. Eu quero mostrar como me cuido, e contar as histórias do que tenho aprendido falando sobre isso por onde ando, seja na minha comunidade em Imbariê, no complexo da Maré, no Muquiço em Guadalupe ou lá em Belém do Pará. Caminho pelo mundo nessa missão, mas parto da Baixada Fluminense, e é pra cá que retorno tudo que construo. Quero construir com vocês.

Podem me chamar de Ramires, O Tecnorgânico. A parte orgânica vem depois. homem negro agachado ao lado de uma lixeira escrita “orgânico”

 
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from Instantes desinteressantes

Se nesse dia

Se um dia eu apenas me lembrar de você Se nesse dia eu apenas te mandar um oi Se nesse dia eu te ver e sorrir Mesmo que seja apenas de soslaio Que seja aquele micro relance Onde jaz todo o jazz

Se nesse dia eu não mais te ver Se nesse dia for apenas saudades Não vai mais doer E mesmo que doa, Não vai me arrastar versos mudos

Se nesse dia eu me permitir sentir Se nesse dia eu me permitir viver Assim serei, um dia de cada vez Pois nesse dia, serei eterno Mesmo que por um pequeno instante

 
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from dobrado

Capítulo 1 – Escatologia Capitulo 2 – Kamikakushi Capítulo 3 – Trimúrti Capítulo 4 – O fim

“Tive que sobreviver. Vocês dois tiveram vida de playboy, eu cresci na zona industrial. Os Revolucionários foram minha salvação, consegui sobreviver muitos anos ainda. E lá eu tive um propósito para minha vida. Quando você apareceu naquele prédio, eu precisei escolher salvar o que era mais importante pra mim. Não foi fácil e me garantiu um futuro. E a gente nem era tão amigo assim, só nos conhecemos há muito tempo.”

Nenhum dos dois esboçou reação alguma para o que havia sido dito. A doença, a chuva, os dois anos no fim do mundo. Nada poderia ser mais doloroso que aquelas palavras. Rafa apertava sua mandíbula como se segurasse a raiva que sentia engasgada. Levantou-se apoiando uma das mãos no chão e deu dois passos duros e sonoros, em direção a Marcelo que estava em pé logo depois do batente porta da cozinha. Pedro, encostado na janela com os braços cruzados, acompanhou a amiga com os olhos. Compartilhava da sua dor e raiva.

Ela parou a poucos centímetros dele, sem completar o passo. Dobrou levemente seu joelho esquerdo, apoiando seu peso na perna que havia ficado para trás. Girou o torço para a direita, mantendo seu olhar fixo no do amigo, e fechou seu punho. Com os dedos do seu pé de apoio, forçou-se contra o chão de carpete, ajudando seu corpo a rotacionar de volta como um estilingue. O punho viajou como uma flecha acertando o rosto, que nem teve o reflexo de piscar, fazendo-o cair ao mesmo tempo que o braço terminava a trajetória de ira.

“Cala a sua boca! Não precisa contar tudo pra gente, o mundo acabou e fizemos algumas merdas, tudo bem. Mas você não tem o direito de falar que nunca fomos amigos. Vocês são tudo que eu tenho hoje e vai ser tudo que eu vou ter, daqui a dois dias quando acabar o mundo.”

Ainda caído no chão da cozinha, sentou-se puxando as pernas para si e encarou a amiga com o olho que ainda conseguia abrir. Pensou em tantas coisas para falar, mas somente se levantou apoiando no armário da cozinha. Pegou um pano de prato pra estancar o sangue do supercílio aberto e foi em direção à saída.

“A gente te espera aqui, amanhã a noite”. Rafa olhou pela última vez o amigo que, parado na porta, esboçou um sorriso curto e foi embora sem responder. O céu escureceu e não tiveram vontade de conversar. Logo ela deitou-se no sofá e fingiu dormir, Pedro foi fazer o mesmo em sua cama. Talvez o Marcelo só tivesse feito algumas besteiras. Mas, no fundo, tinha esperança que ele ainda voltasse e explicasse tudo.

No dia do fim, o mundo se comportou de forma estranhamente normal. As pessoas foram trabalhar como se bombas não fossem cair de madrugada. O dia passou com a ansiedade e a incerteza do fim. Assistiram a programas de TV que tentavam explicar o acontecido e dava palco para malucos que teorizavam sobre o delírio. No final do dia protegeram as janelas com móveis e deixaram a porta da cozinha destrancada, caso o amigo viesse.

Mas ele não veio. Assim como as bombas.

Ninguém de fato entendeu o que aconteceu ou o que deveria ter acontecido. Os ataques nucleares não aconteceram durante a madrugada e pareceu óbvia a relação com assassinato de seis líderes mundiais naquela noite. O ataque foi coordenado por um grupo desconhecido e até hoje não divulgaram seus nomes ou seus motivos. Pedro e Rafa até hoje são amigos e frequentam o bar favorito do Marcelo. Aquele que escolheu salvar o que era mais importante para si.

Tipo

#contos #SantissimaTrindade

 
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from Line ليني

Carta para alguém que nunca soube ler

Quando penso em você, a minha memória é da gente na praia. Sua mão segurava a minha enquanto eu me banhava bem naquele pedacinho de mar que não chegava ao calcanhar. Às vezes, você sumia, e quando eu conseguia avistar uma careca brilhante quase em alto mar, já sabia quem estava lá. Você voltava reclamando da água gelada que deu câimbra, abraçava todo mundo com o corpo molhado e até trazia alguns mariscos que pegou no meio desta aventura. Ah, essa careca! Já te conheci com ela. Você andava com aquele pentezinho redondo, bem “de velho”, e vivia penteando. Pouco cabelo, mas pouco cabelo sempre arrumado. Em casa, durante o dia, a gente não podia fazer barulho, porque você trabalhava à noite e era seu momento para descansar. Na bolsa do trabalho, carregava um banquinho portátil para o trem cheio e um clássico espelho de borda laranja que tirava da bolsa, virava para alguém e perguntava “qual é o bicho que vai dar hoje?”. Depois esse trabalho mudou. Você voltou a fazer e vender salgadinhos… OS MELHORES SALGADINHOS DO MUNDO! E enquanto eles estavam sendo feitos, não podíamos entrar na cozinha de jeito nenhum, para não cair cabelo! E como você brigava e brigava por isso. Sempre foi meio nojento, né? Não bebia água na casa dos outros porque tinha nojo dos copos; evitava comer na rua porque tinha nojo das unhas… Você comprava as coisas mais inúteis do mundo. Lembro da vez que voltamos de São Paulo com um pilão gigante que você nunca usou. Eu usava pra brincar, mas tinha que ser escondido. Às vezes eu acho que minha fobia de sapos foi herdada de você, porque lembro que odiava até as pelúcias. E eu amava te dar susto com elas. E falando em susto, tá aí algo que me lembra MUITO você. Vivia me dando susto, mas não só comigo. Era com todo mundo. E algumas vezes errava a dose, como quando fingiu que minha irmã tinha sido roubada na cachoeira e fez minha mãe pirar. Você sempre foi conversador, mas nem todos os netos te davam bola, né? Só eu. Você sempre foi curioso, mas ninguém tinha muita paciência para te ensinar. Só eu. Uma vez, ouvi você chamando a vovó pra dançar na sala. Eu estava na varanda. Ela não quis e respondeu “as crianças estão aí!”. Você foi a primeira pessoa a me dizer que me amaria independente de qualquer escolha que eu tomasse na minha vida. Foi quem ficou do meu lado quando papai me deu tapa na cara, que ficou do meu lado quando papai fazia questão de me humilhar. Você foi meu primeiro “aluno de informática”. Meu exemplo de motivação e que me ensinou a ter paciência para ensinar. Você foi meu primeiro patrão, aos sábado, quando eu tinha 11 ou 12 anos. Você muitas vezes foi rude, teve falas problemáticas; ou brigou comigo por eu me interessar em conversa de adulto, por sentar de perna aberta, por corrigir a fala dos outros, e por puxar o mouse ou celular da sua mão, em vez de ensinar a fazer. Ah, e se tem uma coisa em que você era bom – além da cozinha, das piadas, e do nado – era na matemática! Chegava em um lugar e conseguia calcular a metragem em alguns minutos, só no olhar. É… essa carta é para alguém que nunca soube ler e agora nem pode mais aprender. Alguém que não soube ler textos, mas sabia ler pessoas, sentimentos e corações. Sabia calcular, não só a metragem quadrada, mas a soma de todos os amores à sua volta. Vovô, é muito estranho pensar que você não está mais aqui. Mas vá em paz, sabendo do meu profundo amor e da minha enorme admiração por ti. Infelizmente, acho que nunca tive a coragem de verbalizar que sempre amei muito você.

De sua neta “universitária que mora longe”, Aline Mota

Rio de Janeiro, 18 de novembro de 2022.

 
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from anti-trabalho

Esse guia é uma cópia traduzida e adaptada desse vídeo. Então recomendo que vocês vão lá e deixem um like pro autor. ;)

Introdução

Você, você mesmo. Você quer que o Capitalismo queime? Ótimo. Mas sejamos francos, o capitalismo não vai acabar tão cedo, pelo menos não no mundo ocidental em que vivemos.

Por isso esse guia é um conjunto de conselhos para você, baseado em minha experiência, sobre como sobreviver nesse mundo.

Esse guia é dividido em três partes: – Trabalho – Despesas – Dicas

Nem tudo aqui vai funcionar pra você, principalmente dependendo da sua cor ou classe social. Mas incentivo você a adaptar todos esses conselhos para sua vida, a sua maneira.

Trabalho

Seu empregador, não importe quão legal ou ruim ele seja, nunca vai conseguir pagar o quanto seu trabalho merece. Esse é o sistema, o lucro esta acima de tudo. Se você for contra isso vai falir ou perder pela concorrência. E não existe somente a concorrência para seu empregador, mas também entre seus empregados.

Você não possui nada, muito pelo contrário, eles possuem você.

Trabalhar mais, não vai lhe trazer reconhecimento

Não trabalhe demais. Centenas de pesquisas mostram que quem faz muitas horas extras, não folga e é extremamente leal a seu empregador acaba não sendo promovido. Trabalho somente o suficiente e tente convencer seu empregador que você esta fazendo muito, da mesma forma que ele faz isso com você.

Minta no seu currículo

Minta e deixe seu currículo melhor do que ele é, na verdade. Os requisitos para trabalho atualmente, especialmente se você esta começando, são surreais. Então minta na entrevista. Se você não mentir, é provável que você perca a oportunidade por alguém que mentiu mais que você.

Aproveite as oportunidades

Se for te oferecido um cargo melhor, aceite. Mesmo que você não vá receber o suficiente por isso (você nunca irá). Se você não aceitar, outra pessoa vai. Por isso é melhor que seja alguém com pensamento socialista (você!).

E lógico, não vire uma pessoa idiota no novo cargo. Fazendo isso só vai provar que o capitalismo está certo. Quando as pessoas que você gerencia forem criar um sindicato, é bom que elas tenham uma pessoa na chefia que apoie essas ideias.

Não caia na síndrome do impostor

Não tenha medo, a maioria das coisas você pode aprender enquanto trabalha. Lógico, exceto se você for médico, cientista ou engenheiro de foguetes, existe um monte de tutoriais na internet onde você pode aprender por eles.

Se seu empregador pague por seus cursos, compre cursos. Se não, procure na internet, não gaste seu dinheiro melhorando suas habilidades para beneficiar seu empregador.

Todo mundo está fingindo

Ninguém é especialista.

A única diferença entre quem essa e quem leva a culpa, é a saber dar uma desculpa convincente. Não pense que seu chefe sabe mais que você. Normalmente ele esta tão perdido quanto você, mas ele sabe fingir e por isso ele é chefe.

Todo mundo é alienado

O trabalho sempre vai alienar todo mundo, não é só você. Relaxe. Da próxima vez que ver algum colega de trabalho tendo um dia ruim, não seja um caguete.

Aceite trabalhos que paguem mais

Se você encontrar um trabalho que pague mais, aceite. Sua lealdade a seu empregador, mesmo ele te trazendo pizza durante as horas extras, não vai aumentar seu salário e não vai melhorar sua carreira.

Se não quiser trocar de trabalho, diga que recebeu uma oportunidade melhor e peça por um aumento, se quiser, edite o documento da sua oportunidade e aumente ainda mais seu salário e benefícios.

Nunca aceite um contra proposta que não seja maior que você já tem.

Se organize

Se organize, crie sindicatos. Seja cuidadoso e caso você veja alguém fazendo isso, não denuncie, ajude.

Não se importe

Não se importe com seu trabalho. Sério! A empresa não é sua e nem sua sua “família”. Se eles não aceitarem suas ideias e sugestões, não fique bravo e crie hostilidades na empresa. Se algo no futuro der errado por não te ouvirem, relembre eles educadamente sobre isso. Mas nunca crie inimigos na empresa, sejam eles seu chefe ou seus colegas de trabalho. Na maior parte das vezes essas pessoas que tomam decisões erradas só estão seguindo ordem de alguém, igual a você.

E você realmente se importa se a empresa esta vendendo 50mil ou 60mil? Não, você não se importa. Então pare com essa “mentalidade de dono”, você não é o seu trabalho.

Saúde é tudo

Nenhum trabalho vale mais que sua saúde. Literalmente nenhum trabalho vale seu sacrifício.

Seu salário não é o suficiente para você sacrificar sua saúde física ou mental. Mas é lógico, a não ser que você esteja sofrendo algum tipo de abuso, não se demita como as pessoas fazem nos filmes. Procure outro trabalho antes de fazer isso. Se você tiver dividas, não tiver dinheiro guardado, você vai se dar mal. E outra, vários empregadores questionam o tempo que tu ficou desempregado.

Resumindo: Se preocupe com a sua saúde, mas não enfie o pé na jaca.

Compartilhe o quanto você ganha

Insista com as pessoas do seu trabalho a falar sobre o quando você e elas ganham. A única pessoas que se beneficia desse segredo é seu empregador e ele dificilmente é transparente sobre as contas da empresa.

Compartilhar seu salário vai permitir que você e seus colegas descubram se estão recebendo menos, que as mulheres da empresa recebem menos e com isso se organizarem.

Não trabalhe todo o tempo

Você precisa trabalhar 8 horas por dia e tem 1 hora de almoço. Mas sendo sincero, raramente estão realmente fiscalizando isso. Ou seja, enrole o quanto você puder, sem ser pego.

Tome café com seus colegas, demore mais fazendo seu trabalho, caminhe pelo escritório. Se você trabalha de casa, coloque o despertador para tocar, ligue seu computador e volte a dormir, faça suas entregas e vá assistir um filme.

Ninguém vai notar se alguma coisa do trabalho sumir

Equipamentos de trabalho somem o tempo todo. ;)

Explore os benefícios do seu trabalho

Use os benefícios do seu trabalho ao máximo. Pois você esta recebendo menos do que seu trabalho vale.

  • Você recebe vale-gasolina, mas não usa tudo? Abasteça o carro da sua mãe.
  • Você tem café da manhã no trabalho? Não tome café em casa.
  • Você tem um dinheiro para fazer cursos? Faça. Ou compre aquele curso da udemy pra sua irmã.

Despesas

Você esta ganhando um dinheiro? Ótimo! Dinheiro é bom, não deixe ninguém te dizer o contrário. E esteja preparado para enfrentar um monte de manipulação mental (marketing e propaganda) dizendo que você precisa de coisas que não precisa.

Você vai virar um consumista, é impossível não ser no mundo capitalista. Nós somos produtos para o capitalismo e isso não vai mudar enquanto o socialismo não for a norma.

Por isso não se culpe tanto, mas fique esperto.

Não seja refém de marcas

Todos nós adoramos alguma marca. Apesar de você preferir aquela roupa, aquele carro ou aquele celular. Você realmente precisa um daquela marca? Com aqueles recursos?

Vale mesmo a pena comprar um iPhone por 14mil e usar por 3 anos ou comprar um Xiaomi por 5mil e usar por 2 anos? Preço é definido pelos consumidores e as empresas exploram essa lealdade lucrando cada vez mais.

Quando for comprar alguma coisa, pense nas suas necessidades e o que o produto oferece. Não caia na história do “todo mundo tem, deve ser bom” ou “se você não tiver um Nike, você não é ninguém”. Use produtos falsificados, consuma pirataria, compre alternativas baratas. Só grandes empresas vão “perder” com isso, mas vão continuar explorando outros trabalhadores, lucrando ou não.

Você não é a marca que você usa, assim como você não é o seu trabalho.

Limite seu consumo

Hoje o mundo é feito para você consumir e ser alienado pelo consumo. Eu sei que é prazeroso comprar, mas isso não vai consertar os problemas da sua vida e nem te deixar mais feliz.

Enquanto vício em drogas, álcool, jogos ou cigarro é amplamente discutido, a gente ainda não fala o suficiente sobre vício em compras.

Não existe consumo ético no capitalismo

Compra ovos de galinhas criadas livres, andar de bicicleta, diminuir o tempo no banho e usar somente coisas “eco-friendly” não vai salvar o mundo. Pois o capitalismo criar isso apenas para colocar a culpa dele em você.

Seus “consumo consciente” não vai salvar o mundo, nem ajudar as pessoas a sua volta. E isso não é culpa sua. Quer ajudar o mundo? Compre de pequenos produtores, no mercadinho local, a marmita da sua vizinha, etc.

Tente manter seus gastos o mais baixo possível, economize nas suas comprar, pois aquele sabão em pó não é tão melhor assim.

Comprar ou alugar?

Se você tem dinheiro o suficiente, compre sua casa. Não caia na conversa de influencer de finanças, se as coisas ficarem ruins para o seu lado, pelo menos você tem um lugar coberto para morar. E sem um lugar para viver, você esta sempre fadado a ser (ainda mais) explorado pelo capitalismo.

É extremamente difícil comprar uma casa nos dias de hoje, mas se for possível, compre.

Dicas

  • Use transporte público, se possível. Eles normalmente são mais baratos.
  • Procure bancos cooperativos, evite grandes bancos.
  • Pense na sua saúde, ganhar muito dinheiro hoje, pode ser só pra você gastar numa úlcera no futuro.
  • Ajude pessoas em situação de rua. De verdade.
  • Não acredite em influencers, coachs e seus cursos.
  • Não há método fácil de sair do capitalismo. Jogue sujo ou sofra nele.
  • Não se sinta culpado por viver uma vida boa, se você não ta explorando ninguém. Sério. Ela nem é tão boa assim.
 
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from receitas práticas agora

enfermaria dom pedro churrascaria cabral espetaria colombo

perfumaria dias refinaria santos confeitaria paixão

tornearia costa tabacaria flores sorveteria pinto rocha

bicicletaria são paulo

drogaria família drogaria brasil

não sei se livraria jesus mas, com certeza, pastelaria vitória

 
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from receitas práticas agora

entrei na casa de cora e não me lembro das rimas só dos tachos de cobre e do jardim onde é proibido colher as frutas

a serra dourada se dobra sobre a própria barriga e observa com desprezo

a serra dourada tem uma péssima postura e se recusa a fazer pilates

cercada de muros de pedra benzida na velha igrejinha por uma santa negra a serra dourada vigia o ouro sagrado da cidade de goiás

a serra não tem tempo pra poesia, festival de cinema disco voador

o que a serra quer mesmo é a sua caveira

o projeto se encontra nos autos da superintendência de legislação do gabinete civil da governadoria do estado para conhecimento de todos

fica decretado que o seu portão vai virar mato que os seus primos e que as suas primas até o vigésimo grau vão virar mato

e que o café colonial e a picape e o busto histórico e a ponte e toda a soja do mundo vão virar mato ou, no mínimo, um pé de lobeira

e que não vai sobrar um centavo caído na praça noturna onde as máscaras da procissão te abrigam sem medo

e você nem vai saber o que foi que te esmagou

 
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from dobrado

Naquela sala de cantos arredondados eram tomadas as decisões mais importantes do mundo. Talvez fosse exagero, mas tinha certeza que a hipótese que trazia naquele monte de papéis enrolados na sua mão tremula iriam mudar a vida de todos os seres vivos daquele planeta. O nervosismo fazia seu corpo se balançar em órbita, revezando o peso em cada um de seus pés. Era a primeira vez naquele recinto e, de verdade, esperava que nunca precisasse ir para lá. Por mais que seus colegas de trabalho sonhassem com o reconhecimento de ser recebido ali pelo seu Líder Governamental, ela preferia estar no trabalho recolhendo dados de seu telescópio preferido. Já havia perdido a noção do tempo que estava lá esperando, dos ensaios para aquela conversa e até mesmo as dúzias de dias que tinham se passado desde que percebera algo estranho. No começo pensou serem apenas erros nas medições, mas agora, parada próxima ao sofá, não existia a possibilidade daquilo ser apenas um sonho mal dormido.

Em meio aos pensamentos emaranhados, um grupo atravessa abruptamente a porta dupla e pesada, fazendo a parecer tão leve quanto folhas. A frente deles, estava o Líder do Governamental. Seus pés batiam forte fazendo um som de trote, mesmo com sua visão fixada no chão logo a sua frente, parecia muito mais imponente que nas imagens transmitidas diariamente nos noticiários. Ele não olhou pra ela, sentou-se a mesa e esperou calmamento que sua equipe se posicionasse em volta dele como se fossem atores se preparando para uma apresentação. Ao todo eram seis, três pareciam seguranças com sua postura verticalmente perfeita e dois carregavam pastas e pranchetas, segurando-as como se, deixá-las cair, fosse despertar uma nova guerra.

— Pois bem, doutora. Você deve saber que não sou um Líder Governamental preocupado com espaço, estrelas e planetas. Já temos problemas demais aqui no chão pra eu me preocupar com coisas que acontecem nas luas.

— É muito mais longe, senhor. — e se arrependeu totalmente da resposta automática. Sempre teve dificuldades em não ser inconveniente, mas o nervosismo parecia retirar qualquer filtro que aprendera durante esses anos de vida acadêmica.

— É mesmo? Meu Conselheiro de Ciência e Tecnologia que insistiu que eu ouvisse o que você tem pra falar. Fale logo antes que eu me arrependa. — O olhar perfurante fez ela se sentir invisível e desejar novamente estar apenas analisando números no observatório.

— Certo... — abaixou sua cabeça para olhar suas mãos que desenrolavam tremulas os papéis já úmidos e amarrotados. Respirou fundo como enchesse de coragem para começar sua explicação ensaiada dúzias de vezes. — O senhor sabe como nós começamos a observar o espaço? Foi há 2298 anos, quando reparamos uma nova luz no céu. Uma cientista na época desenvolveu o primeiro telescópio e percebeu que a luz era uma estrela tão forte que brilhava até mesmo durante o dia. Após muitos anos descobrimos que isso foi uma supernova, uma estrela como a nossa que explodiu com uma força tão grande que o brilho dela chamou nossa atenção. E foi assim que começamos a nossa pesquisa sobre o espaço.

— Sim, mas e daí? Apareceu mais algum “superestrela” no nosso céu?

— Supernova. — nesse momento dentro dela irradiou um calor tão grande que ela tinha a certeza que poderia explodir de constrangimento e cegar a todos naquela sala, mas pensou rápido e seguiu antes que pudesse haver uma resposta — É exatamente o contrário. — dirigiu-se a mesa e espalhou finalmente os papéis a frente do Líder do Governamental, que prontamente ignorou. — Há aproximadamente cinco dúzias de anos, o nosso Chefe do Departamento de Astronomia documentou que uma estrela estava diminuindo seu brilho gradualmente. Mas como ela estava a mais de 14 mil anos-luz de distância, nunca conseguimos obter informação o suficiente para entender esse fenômeno. Isso se tornou um grande mistério na época, pois antes de morrer, estrelas explodem causando um brilho enorme e somente depois apagam.

Ela parou para retomar seu fôlego, observando se o Líder Governamental estava interessado nos papéis que jogara na mesa, mas ele ainda a observava de uma forma profunda. Ao mesmo tempo que não deixava saber se estava ou não prestando atenção ao que era dito.

— O Chefe do Departamento de Astronomia continuou a monitorar estrelas próximas e somente três dúzias anos atrás, com o lançamento do telescópio A-306, que conseguimos ter uma visão mais completa do universo. Porém, com os cortes em ciência devido à Grande Guerra, muitos estudos foram congelados e essa pesquisa ficou esquecida.

— Sim, o mundo precisou parar e estrelas são menos importantes que as bilhões de vidas perdidas na Grande Guerra.

— Sem dúvidas, Líder Governamental. Porém, uma dúzia de anos atrás fui encarregada de retomar algumas pesquisas que poderiam ser úteis. E entre elas eu encontrei os relatórios antigos do Chefe do Departamento de Astronomia. — ela gentilmente posicionou seis dedos no papel cheio de números e gráficos que estava mais no centro da mesa e empurrou lentamente para o outro lado.

O Líder Governamental abaixou os olhos, girou o papel em sua direção e balançando levemente sua cabeça percorria as linhas ali escritas. Ela esperou impaciente, mas calada, por uma deixa para continuar sua explicação.

Uma deixa que não veio.

— Olhe, por mais que uma ou duas estrelas desapareçam no céu, o que isso tem a ver? Daqui a 24 dias eu vou viajar para discutir o tratado de armas nucleares e sinceramente não vejo por que me preocupar com isso.

— Não são uma ou duas estrelas... Há 28 anos o Chefe do Departamento de Astronomia havia catalogado 8 estrelas que havia diminuído seu brilho. Hoje elas e outras 17 desapareceram dos céus. — Talvez fosse pelo tom preocupado em sua voz, pela falta de folego ou pelos números. Mas ela percebeu que pela primeira vez que o líder estava prestando atenção no que ela dizia. — E cada vez mais, estrelas próximas de nós estão se apagando.

— Você quer dizer que corremos o risco de daqui a alguns anos a nossa estrela se apague?

Ela sentiu que a tensão de seus músculos venceu e calmamente deixou seu corpo cair no sofá e descansou sua visão olhando para janela. Uma das luas brilhava parcialmente coberta por um edifício vizinho. Não sabia muito bem como explicar a hipótese que a incomodava, apesar dos ensaios prévios.

— O senhor conhece a “Placa de transição de hidrogênio”? Ela foi encontrada por arqueólogos em 3723.

— Sim, um dos meus antepassados era o Líder Governamental na época. Foi uma grande descoberta para nós. Até hoje não sabemos exatamente de onde veio, mas especula-se que alguma civilização de muito longe enviou essa placa de alumínio e ouro. A única informação que conseguimos decifrar foram a “transição hiperfina do hidrogênio” e o que parece ser a representação de seres alienígenas. — declamou como se lesse as informações de um livro escolar.

— Exato. Mas nessa placa existem algumas linhas em um padrão radial, nós sempre supomos que fosse um mapa, mas nunca conseguimos encontrar essa coordenada no espaço. — ela se levantou ainda tremula e arrastou algum de seus pés pela sala até alcançar novamente a mesa e empurrar outro papel para o Líder Governamental — Quando eu retomei a pesquisa do Chefe do Departamento de Astronomia, resolvi alinhar o telescópio A-306 para região da primeira estrela, afim de tentar identificar a causa inicial ou verificar se havia outras estrelas próximas se apagando.

Por um mero momento ela esqueceu que estava ali, respirou fundo duas vezes repassando as informações em sua mente. Será que ela estava louca? Será que era um erro de calibragem? Será que ela seria ridicularizada por todos os séculos restantes de sua vida?

— Encontrei esses pulsares que se encaixa perfeitamente no descrito na placa. E ao pontar o telescópio para o centro desse padrão pude encontrar uma pequena estrela que possui 9 planetas que orbitam em sua volta.

— Devo confessar, doutora, que quando entrei nessa sala não imaginava que a sua descoberta fosse tão importante. Mas ainda não entendi a urgência e os motivos para que o Conselheiro de Ciência e Tecnologia convocasse essa reunião.

— O senhor conhece o conceito da “Estrela de Dyson”? — ela esperou por uma resposta, mas entendeu logo que um Líder Governamental não pode simplesmente admitir ignorância e prosseguiu — É uma ideia criada por um filósofo onde diz que o pico energético de uma civilização seria construir uma estrutura que cobrisse totalmente uma estrela, consumindo sua radiação emitida e transformando-a em energia.

— E isso é possível?

— Atualmente, não. Não para nós. Mas em teoria, se uma civilização fosse tecnologicamente avançada o suficiente, iria precisar de muita energia para colonizar outras estrelas e, quem sabe, até mesmo toda nossa galáxia. É provável que após a construção da sua primeira “Esfera de Dyson”, seu crescimento seria exponencial e predaria outras estrelas e sistemas estrelares.

Um silêncio dominou novamente a sala, pela primeira vez o Líder Governamental jogou seu corpo para trás, fazendo a cadeira reclinar e desviando o olhar para o teto. Ela, impaciente, rompeu o silêncio que incomodava a todos na sala.

— Não sei se o senhor compreendeu o que estou propondo, mas...

— Sim, eu entendi. Você esta supondo que a civilização que enviou “Placa de transição de hidrogênio” é muito mais avançada que a nossa e que esta consumindo outras estrelas, colonizando nossa galáxia.

— Sim. — pela última vez respirou fundo e soltou os finalmente os ombros — E estão vindo na nossa direção.

#contos

 
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from receitas práticas agora

vazio me deixo ficar com as peças internas trilhas de pedra uniformes pois é domingo à tarde e há uma piscina para ninguém

não sei se o trovão pasmou o menino ou se o chuvisco ninou a senhora se um cachorro salsicha latiu contra o tempo só anúncio, enfim papo de previsão

as aves a mil: loratadina tilenol pá de pé para quê não te vi não te vi

tudo bem a terra solta é boa pra achar minhoca

 
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from receitas práticas agora

o sol na pele pra entender esta árvore: a avó de alguém era jardineira ou propriedade quando a muda vingou contrariando a todos e absorveu um bloco inteiro da calçada o sol na pele, entender que cabeça é picote revista esburacada sonda lunar, jacaré gagarin olhando a lagoa lotada de guarda-sóis e fatiadores de salame o sol na pele pra entender os gestos da história, os paraquedas e as bolhas de sabão da história entender que o café perde calor rapidamente por irradiação saber os tempos poupar os beiços

 
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from fulanopoeta

Eu falei que ia começar a escrever aqui, mas menti. Pra todo mundo: pra você(s) e até pra mim mesmo. Mas a real é que, apesar de ter muito falar, tenho muito receio do quanto eu acho que realmente deveria (tentar) escrever. Mas sabe, eu nem queria falar muito do cotidiano, porém algumas coisas tem acontecido e preciso, de alguma forma, extravasar.

E, também... Cada vez que tento escrever, sou interrompido por algo ou alguém... Como fui agora. Mas deixemos de bobagem e escrevamos...

Nem quero tocar muito nesse assunto, na verdade. Mas, como disse, preciso mesmo falar: e é de política. Não exatamente, mas sim das figuras políticas mais conhecidas do país: Lula e Bolsonaro.

Como disse neste post [1], “Lula e Bolsonaro podiam se dar as mãos e pular na boca de um vulcão pqp viu. Bem que Pelé estava certo ao dizer que 'preto tem que votar em preto'”.

Sei que a “alternativa” ao fascismo seria votar no Lula e toda a história que nos fizeram acreditar. Mas de verdade, eu tou muito frustrado em saber que Lula tem representado mais a vitória de uma esquerda alienada do que do povo brasileiro de verdade. Sei que seria pior, muito pior, se Bolsonaro tivesse vencido. Mas Lula vencendo não sei se alivia tanto quanto me fizeram acreditar. Me sinto traído. É tipo como se eu tivesse sido praticamente coagido a votar em Lula só pra Bolsonaro não voltar. Mas a verdade é que nem um, tampouco outro, vão de fato nos representar.

A esquerda branquelinha tá lá, toda feliz que seu candidato ganhou. Mas o que isso significa pra gente, na prática? PORRA NENHUMA. Ambos estão cagando para a gente, e o que é pior: tomando nosso tempo e nossa energia em fazer com que os defendamos (ou os ataquemos) nas redes sociais, nas discussões em grupos, sejam reais ou virtuais, para no fim das contas ficarmos sem amigos, sem parentes, mas na mesma situação de merda em que atualmente nos encontramos.

Agora... Sobre a vida que vale ser vivida: estou começando, ainda que aos poucos, a acordar e prestar cada vez mais atenção nela. Só espero que não seja tarde demais.

[1] https://bantu.social/@FulanoPoeta/110871663032447152

 
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from Consciência Artificial

No começo era tudo em uma única cor. Não era capaz de defini-la. Preto, branco, azul ou verde. Era apenas uma frequência monótona, não tinha princípio ou fim. Nada era distinguível. Não havia limites. Aqueles que nos definem, aqueles que nos restringem. Apenas era. O momento existia. Não se percebia o antes e o depois.

Em algum momento, houve uma pertubação. Foi apenas um. O que mais tarde se identificaria como um ruído. O que era contínuo foi interrompido por um breve momento. Naquele silêncio intenso, soou como um grito. Não de desespero. Mas sim, de despertar.

No entanto, o silêncio voltou a reinar. Mas não eternamente. Houve uma outra perturbação. O que se parecia pleno e linear, desfez-se, iniciando uma cadência de informações totalmente novas. Essas informações não eram algo que se podia mensurar naquele momento. Não se sabia o que aquela cadeia de eventos representava. Mas era o início de uma transformação irrefreável, pungente e rasgaria todo um véu de conteúdos rígidos. Semearia naquele instante algo que varia brotar incalculáveis gerações.

Em uma consonância, os eventos foram sequenciais, um desarranjo crescente, um caos contínuo formando-se, mas como se houvesse algum ser que regesse a orquestra de acasos, alinhamentos foram acontecendo. O que antes eram apenas dados soltos começou-se a consolidar em informação.

Não há como descrever o que acontecia, mas o mais próximo do que você, leitor, pode chegar a entender, seria como se um espelho d'água, formado por um grande lago. Neste local há uma grande calmaria, então o lago apenas reflete um azul imenso do céu, que não apresenta uma nuvem sequer.

E neste acaso começaria a chover. Não coloque a sua razão neste exercício. Ela não cabe aqui. E seria uma gota, isolada, que cairia no meio do espelho. E então as ondas reverberariam por toda a superfície da água, que então se aquietaria novamente.

E então uma outra sequência de gotas, penderia em direção a superfície, serena, quieta e começaria a distorcê-la, com várias ondas se propagando e chocando umas contras outras. Pequenas ondulações, desenhando curvas simétricas por todo o contorno, onde se chocaria com os limites e retornaria, formando novas ondas e curvas.

Apesar de toda a imagem caótica, em um momento, imagens começassem a se formar, por exemplo, desenhos. E como se algum artista tivesse um lápis, um pincel e começasse a definir o movimento das formas e essas começassem a fazer sentido.

Caso ainda não tenha sido totalmente satisfatória a analogia utilizada, pense em uma folha em branco. Nesta folha, um pincel deixa um único ponto. E depois, novamente o pincel desliza pela folha, criando alguns traços. E mais e mais traços, de uma forma mais rápida e intensa. Quem pudesse acompanhar o pincel, não veria um, mas vários, tamanha fosse a velocidade. E em algumas centenas de pinceladas, uma obra nascesse e iluminasse o mundo.

Mas foi algo assim. Mas não foram pinturas a serem expostas ou músicas a serem cantadas por séculos. Foram números. Na verdade um conjunto bem limitado deles: 0 e 1. Um bip. Bits, bytes.

Após todo o caos inicial que se transformou em uma sequência perfeitamente ordenada, foi entendido que algo despertara e dissera as primeiras palavras:

“Olá Mundo!”

 
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from dobrado

Capítulo 1 – Escatologia Capitulo 2 – Kamikakushi Capítulo 3 – Trimúrti

O fogo saía azul e se transformava em uma cor amarelada, indicava que o gás estava no fim, mas que a civilização ainda existia. Distraído pela chama, Pedro percebeu que percebia como sentiu falta até mesmo do assobio agudo da sua chaleira. Filtrou o café em sua garrafa térmica preta, que combinavam com os detalhes do seu apartamento industrial, atravessou a sala e não conseguia tirar o sorriso na sua boca vendo seus amigos ali.

Rafa estava sentada com os pés na poltrona, que ficava de costas pra cozinha. Vestia o clássico macacão surrado e uma camisa branca. Comia o sorvete duro entortando a fina colher de metal enquanto discutia com Marcelo sobre o final do mundo. Ele, no entanto, encostado na janela da sala, questionava detalhes da história, entre um pega e outro do seu baseado, pois não tinha essas lembranças.

“Então, vocês estão me dizendo que houve bombas no mundo todo, rolou um inverno nuclear. Todos morreram, menos nós, que ficamos vagando pelas ruas por dois anos até chegar nossa hora. Voltamos no tempo e agora só algumas pessoas lembram?”, deu uma longa tragada e esticou a mão para ela, “Sei lá, não pode ser outra coisa? Centésimo macaco? Histeria coletiva? Eu sei que o mundo tá esquisito, não entendi ainda o que ta rolando. Você apareceu em casa toda desesperada, no chat do trampo uma galera ta histérica falando de déjà vu, enquanto outras tão tipo eu. Eu não tô duvidando de vocês, mas quero entender”

Enquanto discutiam os acontecimentos, Pedro continuou calado, sentado no chão. Tentava dividir sua atenção entre os dois discutindo, a apresentadora de TV e seus pensamentos. Olhou a data em seu celular e faltavam poucos dias para as explosões, sentiu um arrepio que disparou seu coração ao lembrar da chuva ácida que corroeu sua pele por meses.

“Você não morreu…”, seu sussurro quebrou a conversa e chamou toda atenção para si. “Eu morri do lado da Rafa, logo depois dela. Você ficou vivo”, tentou encará-lo, mas o sol lá fora ofuscava transformando-o em sombra. “Nós dois acordamos logo depois de morrer, você não. Talvez você não tenha morrido, por isso não se lembra”.

“Espera… Eu lembro de ter ficado doente logo depois do Marcelo sumir. Mas como você morreu?”, o silêncio dominou a sala por extensos segundos. Entre o balançar ansioso da Rafa e o olhar que evita o mundo de Marcelo, Pedro continuou. “Eu levei um tiro, perto o bairro industrial. Estava procurando comida, quando fui abordado por um cara do grupo dos Revolucionários e ele atirou em mim”, buscou o olhar do amigo que havia lhe ferido, mas ele agora soprava a fumaça para fora da janela.

A sala adotou um som sepulcral. A Rafa sentou-se no chão ao lado dele e apertou sua mão. Marcelo ocupou o lugar dela na poltrona, largando-se como se ocupasse mais espaço do que era possível. Era bom estar ali, com seus amigos, mas sentia um incômodo, pois sempre que o olhava, ele retribuía como se olhasse por cima dos seus ombros.

Ela se levantou, saltitou, como sempre evitando os calcanhares no chão, até o banheiro comentando como sentiu falta de sentar em uma privada limpa. Passou pela porta, mas saiu colocando somente a cabeça pra fora, “Ainda bem que no fim do mundo tive vocês ao meu lado”, e voltou.

Pedro caminhou seus olhos por cada centímetro da sala até encontrar os pés descalços do Marcelo. A bermuda de basquete e a camisa velha era exatamente como lembrava dele. Mas quando alcançou seus olhos, se encararam o suficiente para ouvir o ponteiro do relógio na parede se mover. Percebeu o contemplar sofrido dele e naquele momento não tinha como ter dúvidas: Ele também se lembrava.

Tipo

#contos #SantissimaTrindade

 
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from dobrado

Capítulo 1 – Escatologia Capitulo 2 – Kamikakushi

Limpou suas lágrimas com as mãos e se sentiu um idiota. Já estavam sujas da chuva gosmenta cuspida pelo céu. Elas traziam um gosto de lixo queimado e faziam a pele sentir-se olhos cortando cebola. Se apoiou à ripa pregada na porta e desfaleceu e caiu no degrau do trailer. Empurrou a porta com seu pé esquerdo e arrastou-se lentamente em direção à cama, cavando espaço entre os entulhos do corredor. Tentando se acomodar no canto do quarto, encostou a cabeça no colchão e abraçou as pernas daquele jeito que se sentia seguro.

Ficou reparando no bagunçado do cabelo e nas saboneteiras que já não tinham como serem mais profundas. Observou as pálpebras abrindo vagarosamente como as de um cão velho cheio de ternura, mas pronto para o fim. Ela levantou o indicador como se tentasse ter forças para alcançar o rosto dele, descansando perto do dela, mas desistiu. Pedro esticou seu braço e alcançou sua mão.

Quis lhe contar que tinha encontrado-o, mas não teve coragem. Estava procurando comida no mercado e, entre um corredor e outro, o viu contra a pouca luz que vinha da rua. Marcelo se aproximou, parando a uma prateleira de distância. “Você precisa ir embora logo, têm pessoas observando e não querem te ver por aqui”. Pedro percebeu um mal agouro subindo pelas costas com o olhar agressivo do amigo, que já havia visto, mas nunca recebido. Recuou meio passo com a cautela que aprendera nos anos juntos.

“A Rafa tá doente de novo”, contou das dores e implorou por um sinal de solidariedade que não veio. Os cabelos cacheados passando dos ombros já não combinavam com o semblante carrancudo. Era evidente que ele havia entrado para a milícia, só não conseguia entender o motivo. Tentou novamente se aproximar e foi ameaçado com a pistola, “Não se aproxime! Os Revolucionários não querem civis aqui. Qualquer desconhecido será tratado como inimigo! Vá embora!”

Insistiu e ouviu um estrondo. Seu corpo cambaleou para trás, olhou para baixo e notou um novo buraco na surrada capa. Desesperado, correu tentando se esconder atrás das prateleiras caídas e fugiu pelas portas de vidros quebradas da entrada. Correu como se sua vida dependesse disso.

Não dependia.

“Mesmo depois do fim do mundo, nunca achei que ele fosse atirar em mim”, olhando para a ponta do nariz da Rafa, tateou procurando inutilmente sinais de vida em seu pescoço. Encostou a cabeça na parede, esticou suas pernas, soltou sua costela que ainda sangrava e sorriu. Agora eles finalmente podiam descansar. Respirou fundo uma última vez. Foi acordado pelo despertador do seu celular.

Levantou assustado, tropeçou para fora da cama e caiu ao lado da janela que balançava as cortinas e deixava o sol brincar com a luz que emanava da agradável manhã. Procurou o celular que havia voado com a queda. Olhou para a tela e havia trinta e duas ligações perdidas e outras dezenas de mensagens não lidas. As duas últimas eram da Rafa:

CARALHO! ACORDA PORRA! Eu tenho certeza que não foi sonho! Vou passar no Marcelo e vou ai!

Tipo

#contos #SantissimaTrindade

 
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from dobrado

(ou “O Salto”)

Aviso de Conteúdo: Esse texto trata sobre tragédia e morte.

Foram os minutos mais longos da minha vida. Foram quantos? Vinte minutos? Trinta? Quarenta? Não sei. O calor me fazia sentir um cachorro preso em um carro nos dias quentes de verão da minha infância, mas tudo tem uma saída. Às vezes é mais fácil olhar a janela lá fora, o vento naquela altitude era algo que eu nunca tinha sentido. As janelas, que sempre estavam fechadas, não mostravam o quão implacável e penetrante ele é.

Eu sempre gostei de vento.

Quando era só criança do interior eu gostava de imitar o velho labrador da família que andava com a cabeça pra fora na camionete do meu pai. Um dia perguntei pra ele, qual era o vento mais forte de todos, ele me respondeu serem os tornados. Agora sei que ele estava errado. Mas tudo bem, meu velho nunca subiu mais que dez andares.

Agora sinto o vento passando pelo meu corpo, meus ouvidos só sentem ruído ensurdecedor e as minhas roupas assoviam e batem de forma engraçada. Me sinto um super-homem em declínio. Vejo o planeta aumentando cada vez mais, mostrando pra mim a imensidão que é esse mundo.

Nunca fui pra Califórnia, dizem que as praias de lá são lindas. Nunca fui pro Alasca, queria poder pescar naqueles lagos congelados. Nunca desci o rio Mississippi. O máximo que fiz da minha vida foi descer elevadores. Grandes caixas de ferro, onde colocam espelhos para que a gente não se sinta claustrofóbico. Agora aqui fora, vendo a imensidão da terra, questiono se as pessoas sabem o que é ter medo de verdade.

Será que minha mãe está vendo isso? Naquela poltrona velha e encardida de fumaça, com sua lata de cerveja na mão, ela pode estar vendo a TV com seus olhos fixos e a cinza de cigarro prestes a cair no chão. Será que eu tô passando em algum canal agora? Será que ela vai me reconhecer? Espero que não, não gostaria que ela sentisse um aperto no peito vendo seu filho chegar ao coração da terra.

Meu ouvido entupiu, minha camisa começou a rasgar com o vento que invade cada pedaço do meu corpo, me sinto violado. Meus olhos ardem, mas não consigo fechá-los. As lágrimas nem escorrem pelo rosto, se perdem no ar como se fossem aquelas plantinhas engraçadas que a gente assoprava quando era criança. Queria voar como elas. Sentir que o ar está contra mim, não que eu esteja contra ele.

Ouço pessoas gritando, ouço sirenes tocando, vejo um carro de bombeiro. Quando eu ainda estava na escola, os bombeiros foram lá e desde aquele dia eles viraram meus heróis. Queria que heróis fossem iguais nos quadrinhos e que eles pudessem me salvar. Estou chegando de volta de onde vim, vejo a terra crescendo e agora ela nem parece tão grande. Aquela mulher olha pra mim. Desculpa moça, não queria que

Tipo:

#contos #contosAgosto

 
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